Minha Ingênua Doce Menina

Às vezes, a única coisa que eu mais queria nesta vida

Era ter um controle que comandasse o tempo

Para poder voltar lá atrás,

Aos oito anos de idade

E dizer para mim mesma:

Hein garotinha!

Não fique tão cabisbaixa assim,

Não tenha pressa de querer crescer,

Seja mais criança...

O mundo lá fora é tão mais complicado,

Deixe esse livro um pouco de lado,

Pegue a tua boneca,

Aproveite enquanto a pode ter.

Pegue uma escova

E finja ser teu microfone,

Anda, minha pequena jóia rara,

Se quiseres, poderás

Ensinar-me a cantar.

Farias isso por mim?

Vem pequena garotinha preocupada!

Pegue na minha mão,

Não precisa ter medo,

Não quero lhe fazer mal,

Apenas olhe pela janela,

Veja como o sol brilha lindamente,

Pra'que tanta pressa de crescer?

Anda, vamos lá fora correr e se sujar de barro vermelho,

Antes que o teu relógio avance,

Antes que o tempo te alcance,

Antes que o teu corpo mude e comece a ganhar formas,

Antes que as desilusões te castiguem,

Antes que a explosão bagunce os teus pensamentos,

Antes que a tardezinha chegue e te obrigue a ir se deitar,

E como num passe de mágica,

Lá se irão esses doces anos;

Acredite, eles não voltarão atrás.

Anda pequenina,

Não te acanhes,

Me acompanhe!

Dá-me um pouco de tua alegria,

Preciso muito de tua companhia.

Anda, pega na minha mão,

Reensine-me a brincar de roda,

Pique esconde e pega-pega,

Nem que sejamos só nós duas,

Porque se assim o fizeres,

Prometo que daqui em diante

Minhas visitas serão constantes,

Já não seremos mais sozinhas,

Terei você e você a mim...

Por que a demora em me acompanhar?

Minha ingênua doce menina.

O que estás tanto a pensar?

Não sabes que sou teu eu,

Aprisionada em tua lembrança?

Por ter perdido um pouco de ti,

Precisei retornar a infância.

Peço-te, por favor,

Deixe-me aproveitar cada pequeno momento

Não negue-me teu olhar inocente,

Abraça-me carinhosamente,

Deixe-me sentir o teu perfume

Antes que eu me perca nestes tristes pensamentos,

O presente de teu futuro

Tomou-me por um laço

E amordaçou-me num compasso,

No qual não quero continuar...

Brinque comigo, minha pequenina,

Não me deixe assim sofrer,

Responda logo,

Sem demora,

Pra'que tanta pressa de crescer?

Gabi Alves
Enviado por Gabi Alves em 15/06/2016
Reeditado em 09/05/2017
Código do texto: T5667711
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