Estações em outro estado
Saí do Rio
Não estava pra janeiro
Me encontrava mais em outubro
Quando me cubro
De flores mortas
Conversei com certo santo
Foi um diálogo e tanto
Mas por ser tanto, também foi curto
E no seu cantar, curto-circuito
Desliguei
Ah!
Mas puxaram mais uma vez
A corda rítmica que me controla
Pois bem, nem dou bola
Deixa a corda se me faz viola
Ponho-me a vibrar
E meu som espalha pelo ar
Som fúnebre, há quem diga
Mas sinceramente, é hino
Significa que rimo
E faz da minha garganta, sino
Que badala e badala e badala...
Até que arrumo minha mala
Beijo minha senhora
Apanho minha carteira
Cheia de meus documentos
Com a foto de alguma garota
Que significou mais que momentos
Ponho minha vida em tinta
Checo no calendário se é quinta
Com o bilhete já comprado
Para pegar o trem dourado
Em direção ao novo estado
De ser
Outro ser
Enquanto o outono vai embora
O inverno é vetado
E o verão míngua
Porque a primavera arrebata tudo
Deixando-me, para o mal, surdo
E o próprio, mudo
E mais uma vez para o outono, mudo