Estações em outro estado

Saí do Rio

Não estava pra janeiro

Me encontrava mais em outubro

Quando me cubro

De flores mortas

Conversei com certo santo

Foi um diálogo e tanto

Mas por ser tanto, também foi curto

E no seu cantar, curto-circuito

Desliguei

Ah!

Mas puxaram mais uma vez

A corda rítmica que me controla

Pois bem, nem dou bola

Deixa a corda se me faz viola

Ponho-me a vibrar

E meu som espalha pelo ar

Som fúnebre, há quem diga

Mas sinceramente, é hino

Significa que rimo

E faz da minha garganta, sino

Que badala e badala e badala...

Até que arrumo minha mala

Beijo minha senhora

Apanho minha carteira

Cheia de meus documentos

Com a foto de alguma garota

Que significou mais que momentos

Ponho minha vida em tinta

Checo no calendário se é quinta

Com o bilhete já comprado

Para pegar o trem dourado

Em direção ao novo estado

De ser

Outro ser

Enquanto o outono vai embora

O inverno é vetado

E o verão míngua

Porque a primavera arrebata tudo

Deixando-me, para o mal, surdo

E o próprio, mudo

E mais uma vez para o outono, mudo

PPFL
Enviado por PPFL em 27/08/2016
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