O silêncio do tempo

Escarneço do vil tempo

das horas, do semblante

das flores que não brotam

das coisas que não fiz

e nesse ato antropofágico

consome a tudo e todos

E viro cantando na poesia

Num dia, ares em Paris

noutro em elucubrações

britanicamente, no Tâmisa

Pensando ainda,na partida

do tempo que não dá trégua

Ora pois, que passa breve,

passa sem ditos lamentos

Ouve-se ainda ao longe

Os ais do seus gritos infindos

de passagem ,de virada,

nos anos que se renovam,

deixando saudosos os outros

que já velhos,se foram um dia

E não pára no breve,no longo

Apenas acontece do nada e

por nada se vai sem volta, e

Num abraço cínico ao silêncio

finjo nem sabê-lo onde está

E ensurdeço por querer tê-lo,

ainda vivê-lo, no para sempre

deste mesmo, já sênior, tempo

que me toma a esperá-lo passar...