Borboletas I
De mansinho elas foram surgindo
Uma e outra em silêncio
A cada dia uma nova nascia
E assim em diante, o sossego se transformava em revoada.
Elas não paravam
Voavam sem cansar
De repente, lá dentro, só havia borboletas
Muitas borboletas!
Se multiplicavam e faziam sua rebelião
Elas estavam contidas
Não conseguiam continuar o vôo
Ora corriam pelos olhos
Ora deslizavam pela garganta
Por vezes, invadiam o estômago
Gostavam do coração
Eram muitas borboletas...
Como no escuro clamando por um feixe de luz.
Aparentemente quietas, eram gritaria
Aparentemente frágeis, eram destruição
Aparentemente calmas, eram pesadelo
Aparentemente belas, eram prisioneiras.
Ao mesmo tempo que a vontade era soltá-las,
Sabia que não poderia
Sabia que não deveria,
Talvez fossem queridas
Sabia o estrago que faria
Sabia que, talvez, elas levassem tanto que não sobraria nada
Sabia que poderia ser catástrofe
E sabia que nunca se livraria das borboletas
As borboletas continuavam em sua cabeça...
Hoje, se transformaram em poesia.