À espreita
Ali
Bem perto
Vejo, quase toco
A temida
Morte
Há quem não a suporte
Para minha sorte
A respeito
Completamente sem medo
Para minha sorte
Sinto que não a vida
Mas a proximidade da morte
Me faz mais forte
Traz me generosidade
Pois bem ciente estou
Que a morte em sua fatalidade
Deixará para a vida
Toda a minha efemeridade
E, se houver, resquício de bondade
Para minha sorte
Aceito a morte
E as circunstâncias
Quaisquer que sejam as contingências
Carregam as pessoas amadas de nós
Sem piedade
Afinal é nossa,
E não dela a fragilidade
Para minha sorte
Aceito a morte
Como a noite
Encobre o dia
O dia que se esconde
Que se põe
E aceita a noite soberana
Com disciplina espartana
Se acanha
Indo iluminar outras bandas
Para minha sorte
Aceito a morte
E as circunstâncias
Quaisquer que sejam as contingências
Carregam as pessoas amadas de nós
Sem piedade qualquer
Afinal é nossa não dela a fragilidade
Para minha sorte
Aceito a morte
Maior ainda
Lhe dei um novo norte
E agora a vida
Se apodera
Daquilo que considera
Já em desordem
Para minha enorme sorte
Acredito que a morte
Tudo pode
Varre as tristezas
Cede lugar às flores
Que se espalham
Com sua cores
Em encantadores canteiros
Para minha enorme sorte
Agora duvido da morte
Sim, aquela hora em
Que traja-se a vestimenta da esperança
Pela humildade que ora a ostenta
Que ora a sustenta
Afinal, a cada dia uma nova luta acalenta
Para a minha enorme sorte
Aceito a hora da morte
Vendo-a como o meu passaporte
Para o espaço
Lindo e infinito
Onde se movem
As estrelas donzelas
Simples e singelas
De cor amarela
De volta para o calor do ninho
Cujo andar jamais será sozinho