A Estrela e o Pintado

Veloz e em disparada rompe o vento.

Segue destemido o garboso garanhão.

O campo aberto é o seu firmamento,

Que lhe firma os cascos ao duro chão.

Não há símbolo maior de liberdade,

Que o resfolegar exausto de um corcel.

Galopando firme o passo da dignidade,

É seu próprio rei, juiz e também bedel.

Lhe deram um nome ao nascer, Pintado.

Nunca, porém, se curvou ao braço.

Percorre a estrada do próprio coração,

Sem dono, sem arreios e sem laço,

Pelos prados e campinas do sertão!

No dorso carrega uma saudade, Estrela

Aquela que deixou n'outras pastagens.

A potranca mais bela dos potreiros,

Ousada, em seu coração afivelou arreios.

Por esse amor um dia cotejou parar.

Caminhar sem pressa sob a bruma,

Deixar que o vento refrescasse a crina

E trotear o passo sem pressa alguma

Mas o corcel e o vento são iguais

Não há como deter-se a epifania

Também o corcel tem a sua sina

E o corisco seguiu seus ideais.

Porém, a Estrela é todo firmamento

E quem ama uma, ama a vastidão

E o cavalo cessou o enfrentamento

E retornou rendido à sua paixão.

Olhou para Estrela com galhardia

E nesse simples olhar deu o recado

Num lépido salto abandonou o cercado

E seguiu seu amado às pradarias.

Agora lado à lado seguiram viagem

Cascos na estrada, ergueram suas crinas

Conjugando em dueto as suas sinas,

E esperando em Deus, novas pastagens!

Portanto, meu amigo, eis o meu recado:

A Liberdade não se opõe ao amor

Mas até a Estrela teve que pular o cercado.

A vida sem ousadia é sem cor e sem sabor.

Não vá deixar o cavalo passar encilhado!

Kleber Versares
Enviado por Kleber Versares em 04/04/2017
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