Inspiração

Veio a chuva e com ela um verso
que entrou pela janela entreaberta.
Como borboleta no jardim
ele pousou em mim.
Cerrei a janela para dele me apropriar
e não correr o risco dele escapar.
Tentei decifrar o que me dizia,
porém ele tinha mil faces que me fizeram pensar
se foi mesmo a chuva que o trouxe
ou se já vivia num canto a me olhar.
Era um verso indagador
e tinha brilho e cores, e de repente
fez um voo em minha volta,
Notei que pedia para eu abrir a janela,
queria sair, pois como eu,
desejava sentir a chuva lá fora
e voltaria se pudesse.
Se voltasse traria um verso novo
para compor um novo poema,
que falasse da chuva ou do sol.
Entre nós houve um acordo,
firmado apenas com o olhar.
Importava somente que ele voltasse,
eu esperaria, mesmo que se demorasse.
Bastava somente que aquela janela
eu não mais fechasse!
                   Maria Bernadete Bernardo de Oliveira