MOMENTOS POÉTICO (digitado em 25.07.2017): EDITORA SEFOR, VERSÃO 2006. DIVINÓPOLIS, MG.

JOSÉ JOÃO BOSCO PEREIRA

MOMENTOS POÉTICOS – POEMAS

maio – Divinópolis, MG / 2006

Editora Sefor

_______________________

Capa: Eduardo Silva/ Serfor Serviços Gráficos Ltda.

Fotolito da Capa: Sefor

Revisão: Luciano José dos Santos

1ª Edição: 300 exemplares

Copyrigh ©2006 José João Bosco Pereira (autor)

Todos os direitos reservados

Proibida a reprodução desta obra, em seu todo ou em parte,

Por qualquer meio, sem a prévia autorização do autor.

Catalogação na publicação (CIP) – Brasil

P 429 m

PEREIRA, José João Bosco.

Momentos poéticos/ José João Bosco Pereira.

64 p.

Inclui bibliografia do autor

ISBN

1. Literatura divinopolitana –Poesia – 1. Título

CDD B869.1DIV.

Divinópolis – 2006

DEDICATÓRIA

“Se a Deus queres ver,

Contempla em todo ser

E no próprio coração o encontrarás.”

Eu, José João Bosco Pereira,

Desejo que você _____________________________

De coração, possa encontrar nestas páginas uma inspiração para fazer de sua vida a possibilidade de amar e ser feliz, aqui, consigo mesmo(a) e com os outros.

Seja sempre encantado (a) pela sua vida e procure fazer se seus instantes poemas de amor e fé, buscando aperfeiçoar a cultura em que se encontra inserido (a).

Por isso, louvo, com humildade, a Jesus, a Virgem Auxiliadora dos Cristãos e a São José, meus protetores especiais e agradeço a publicação e o lançamento deste opúsculo.

Hoje, em Divinópolis, no dia ____/_____/20_____.

Contato com José João Bosco Pereira:

joseboscolpp@bol.com.br

APRESENTAÇÃO

Professor Antônio Esteves de Faria

Escritor e autor divinopolitano de

PEQUENA HISTÓRIA DE UM GRANDE AMOR.

A literatura é uma perfeita oficina. Aquele, que nela penetra, precisa estar ciente de suas condições psicológicas e até mesmo físicas. O trabalho de uma página ou de um poema é sempre desgastante! Exige forças sobre-humanas, de perseverança, de teimosia e suores até, para percorrer os caminhos aparentemente curtos e simples, mas que levam ao infinito e eterno. Todo esforço é pouco, na perseguição do belo e do singelo, para o agrado deste ou daquele, na apresentação do mais perfeito. Isso e muito mais é a Literatura: é o encontro do homem artista com Deus artista.

E o livro! Aquele, que persegue o fazimento de um livro, enfrenta uma tarefa infinitamente maior, demandando um desprendimento incomensurável: são dias sofridos e noites mal dormidas, debruçados, página a página, tema a tema, na melhor das intenções, qual seja, de ser fiel consigo mesmo e dar ao outro o prazer de uma leitura agradável e rica, ao mesmo tempo, no constante intento de oferecer sempre o melhor de si. Há que ser mesmo artista!

José João Bosco Pereira é, antes de tudo, um amigo. Não meu amigo somente, porque ele é diferente: é amigo daquele que passa ao seu lado. Tem esse dom: gosta de todo mundo, amar a todos. Ninguém passa por ele, sem ser realçado, valorizado e sem ser estimado até. Sempre vê o que há de melhor no outro. Porque o outro é que é importante, sempre! Isso, falando de sua pessoa.

E o artista! E o escritor! Em Momentos Poéticos, ele busca resgatar a lírica familiar e cultural, e o faz com precisão, quando afirma:

“Se todos que vivem juntos,

Se amassem,

A Terra brilharia mais que o sol!”

Parabéns, João Bosco, pela pessoa que é e que se deixa transparecer neste seu trabalho!

AUTOBIOGRAFIA

“Sou um peregrino” na história (Santo Agostinho), e a poesia é minha companheira de trilhas infindas! Nato de Alfenas, MG. Vivi minha infância em São João del-rei. Estudei Juiz de Fora e Belo Horizonte, onde tive o meu filho Lucas Trindade.

Há poemas de memória familiar, coletiva, ecológica, feitio moderno, laudatório, filosófico, existenciais, dentre outros. Existem sonetos que exultam a vida, a cidade, o passado, culturas locais e acesso ao saber e aos livros.

Cursei Letras e mestrado na UFSJ, fiz pós na UFLA. Leciono desde 1992.

A fé perpassa dificuldades. Seja a compilação destes poemas uma gratidão pela recuperação de meu filho que estava no UTI quando nasceu.

Nós nos construímos em nossas opções, pois “sou eu e minhas circunstancias como afirmava Ortega y Gasset. Não estamos prontos, vamo-nos gestando aos poucos na travessia em nossos Sertões e veredas na afirmação de Guimarães Rosa.

Aludo-me à memória do Amistat, filme em que se declara “Sou a razão de eles terem existido”.

As culturas e as famílias constituem um legado iniludível cujos traços estão em cada geração. MOMENTOS POÉTICOS é uma tentativa de preservar esses traços e visualizar valores das Minas Gerais. Onde houver pessoas e simplicidade, a sabedoria estará presente. O presente opúsculo é oferecido de coração às pessoas e às culturas das Regiões do Sul de Minas, das Vertentes e do Centro-Oeste e Triângulo Mineiro, nas quais contemplamos Alfenas, São João del-Rei e Divinópolis, MG. Deliciamo-nos com seu povo, saberes, religiosidade, geografia, cantigas, mística, bibliotecas, tradições, dentre outras condições culturais. Mergulhar nos umbrais da vida e da eternidade, sentir os tesouros da vivência transeunte, a fé do sertanejo e as impressões da mineiridade na alma e no corpo da nossa gente é deixar-se encantar por momentos poéticos de uma prece:

Ao céu implorou um grego,

do seu peito fluiu:

“- Senhor, concede-me

chegar a ser belo interiormente,

e o que venha ter

e acumular exteriormente,

esteja em harmonia

com o meu interior.

- Ainda consintas

que rico seja o sábio

e, quanto à riqueza material,

tenha em tal quantidade,

que seja ideal

para a posse

e prática do bem,

Como um homem sóbrio.’’

(Fedro 279 b, de Platão

– sobre a sublime alma.)

J B Pereira

AGRADECIMENTO

A Deus agradeço, autor da vida e da poesia de viver!

Agradeço de coração e ofereço meu livro MOMENTOS POÉTICOS.

À minha família, a meu pai Sebastião Pereira (in memoriam), à minha mãezinha Maria das Mercês Nascimento Pereira, à minha esposa Maria do Carmo Trindade (Do Carmo), ao meu filho amado Lucas Trindade e aos parentes e amigos.

A todos, sem esquecer ninguém, que, direta e indiretamente, investiram seu tempo e talento na orientação, na impressão, no apoio e lançamento de Momentos Poéticos.

1. A POESIA NOSSA DE CADA DIA

Aos que (não) entendem a hora e a vez da poesia!

Ó Meu coração!

Oiça o palpitar aqui dentro.

Ritmos, imagens, sonoridades e vozes...

Emoções de poesis em fluidez e palpites.

Matéria visceral, vitral sagrado e câmara ardente.

Poesia é diamante negro,

Deliciando a boca da gente.

É a poesia nossa de cada dia,

Não canso de me lembrar de cada:

Declamação da Flor do Maracujá feita por meu pai!

Deus por minha mãe!

Infantis reminiscências do gado dos tios do Cajuru,

da cadela Lambreta no curral da Tia Ceda o tio Bizico Sandim;

Mineira comida deliciosa em fogão a lenha;

Multicolores flores e pássaros em brejos e trilhas.

Nostalgias nos apitos da maria-fumaça

A serpentear a alma de Minas.

Sonora linguagem dos sinos das Igrejas Barrocas;

Secular musicalidade de bandas, orquestras e corai:

Santa Cecília, Ribeiro Bastos e Lira Sanjoanense,

Sociedade Sinfônica São-joanense;

Inesquecível cheiro de rosmaninho e manjericão

Das Semanas Santas tradicionais em latim.

Plantas aromáticas das serras do Lenheiro

E São José de Tiradentes

com o incenso das liturgias lusitanas e tridentinas.

Inconfundível cor dourada e rosácea do Ipê

Entre as matas ao longe que a vista pode ver.

O surgir inesperado do lilás-roxo das quaresmeiras

E outras flores silvestres nativas

Entre vales e capoeiras;

Saudade e ruminações, foco e fotos de sertão das Gerais.

A poesia plenifica estas campinas e montanhas,

Cidades e redondezas com uma estonteante beleza,

São sinais da vida e da graça dessas freguesias

Em tons de sinestesias religiosidade e andanças:

São momentos da vida e do passado vivos!

Em cada um(a), seus suspiros poéticos e sua lírica recordação.

A POESIA VIVE, Ó MEU CORAÇÃO!

2. LÍRICA AMIGA

Aos que acreditam no amor e na paz!

Se todos que vivem juntos

Se amassem,

A terra brilharia mais que o sol!

Para isso, se há algo a esperar:

Aceite o outro como é!

Pois não há ninguém que não erre:

Veja que Deus – é único que não falha

No entanto, encarou nossa malha.

Fez-se carente e limitação por nós

A fim de, em Cristo,

Se revelar na contingência humana.

Se a Deus queres ver,

contempla em todo ser

E no próprio coração o encontrarás.

O amor opera em ti e no outro!

Quanto esforço inútil?

Viver por viver?

Não descobrir que somos únicos,

Que a Terra é o que fomos nós.

Perdoa sempre a ti e aos outros...

Essa é a chave da tua vida e amizade.

A flor não fala

E deixa seu perfume,

Naqueles que a tocam

Onde fores lembra-te

Da pessoa amada.

Peça a Deus Nosso Senhor

Que abençoe teu labor

Que firme teu amor

Que dirija teu ardor

Pois Ele ouve as criaturas

Que o bem procuram

Com coragem e branduras.

3. POÉTICOS COMPASSOS

Aos poetas alfenenses, divinopolitanos, são-joanenses, belo horizontinos, uberabenses, piracicabanos, são-pedrenses, outros.

Se a mente não mente,

Corre o coração a dizer.

Que, na escrita, a letra reticente

e a leitura possa trazer

Palpitações sentidas e vividas.

Um dia me lerão,

Com saudade de mim!

Sua poesia foi um clarão ou faísca

Para os que vão aqui e além.

O limiar transita e transpira

Vida e morte.

Confesse alma gentil

Dizendo: por que partiste

ao deixar em todos sua porção?

Ao dizer o que sinto,

Traduzo o que outros vivem...

Sou de todos e de ninguém,

Pois a poesia é comparsa,

Compasso do tempo.

4. CANTO À ÁRVORE

À ecologia, paródia a Augusto dos Anjos!

A árvore, meu filho amigo, tem alma!

E ela nos serve de abrigo e nutrição...

A semente e brotos nascem da lama:

Vencer a fome: colher frutos é solução!

Mas, pai, por que este hino vamos evocando?

O pai narra: Zaqueu à árvore vai subindo,

nas escrituras, encontra o Cristo: “Daí desça,

a salvação reina nesta casa,” Quero que cresça.

O pai e filho se contemplaram na sombra!

Viva as árvores: nossa vida e, sentindo-as,

A posteridade canta cantigas, e história lembra!

Não são antíteses: os sicômoros e gentes:

Os filhos brincam, estudam debaixo delas!

E futuro e floresta amanhecem contentes.

5. DEUS E A POESIA

Aos que sonham e engendram utopias!

Aos que sonham e engendram utopias!

Aos que geram vidas e não mortes!

Aos que curam e não corrompem!

Aos que educam e não culpam!

Aos que cantam e choram pela vida.

Aos que creem em Deus!

Aos que hão de se salvar pela ética e pela poesia...

Depois de todos os seres,

A poesia é a mais versátil

Depois de mim e você,

Ela é a mais fecunda.

Ao homem, deleite e apluma;

Alenta a alma em bruma;

Conforta o coração na paixão

Atiça o corpo em sedução...

Transforma a ruína em sina

A letra se torna malha fina

Resgata sem medo o meio sagrado

Assume sem receio o veio do profano

É caixa de Pandora, surpresa

Afrodite esbanjando beleza...

E Prometeu o fogo em leveza...

Depois de todos os males,

Vem a dócil poesia

Consola com o vinho e trigo

Farta com mel e cinge a terapia...

Ela é manjar de cada dia

Ele constitui frescor e ardor

Suplemento e fresta de porões mil

Irriga a carne e o espírito entre poros sutis

Quando a dor amortece, ela surge com trepidação,

Quando emoção reclamar sua parte, é sede e ilusão,

Quando evade o além, ela insiste ser ainda real...

Quando enfoca o social, revela sublimação de energia,

Quando na solidão nos mergulha, é mão de ternura,

Quando denuncia, a alma se inquieta em utopia

Por isso, em todos os tempos e pessoas,

Homens do mundo e do monastério,

O ébrio e sóbrio

A poesia compatibiza o ocaso com a aura da alma inquieta

Por isso, não importa se é clássica, se gótica, ou moderna,

Se é vanguarda, ou tradicional,

Se é surrealista ou meditativa.

Ela será sempre

Ária de quem canta sete vezes

De quem canta a vida e a sorte

De quem questiona o destino e morte

Depois de Deus, vem a poesia:

É esterco que fecunda as almas

É ônix que revela as trevas

É cristal que alumia minas!

É Fênix que renasce das cinzas...

6. ANTROPÉIA

Aos que acreditam na ética!

Poema para concurso na FUNREI.

A vida flui no remoto passado,

Mesmo havendo labirinto sutil,

Fascínio em desígnio descoberto,

Oculta e Impregna mistérios mil.

O antropoide passou a pensar:

O primata ludificou o fogo e o jogo.

Nele, liberdade flui como néctar.

A angústia da morte revela-se logo!

A Renascença veio do humanismo.

A dicotomia entre filosofia e emoção.

descortinam desafio ao etnocentrismo.

A síntese da inteligência é o coração.

Urge vencer a indiferença e o racismo.

A antropéia desafina; tolerar é sugestão.

7. ALÉM DA DOR

Aos que venceram, não obstante a dor!

Pela dor, aprenderam a valorizar os outros e a vida!

Tenhamos compaixão com todas as formas de vida: seres vivos, plantas, animais, aves, insetos, repteis, micro-organismos no ar, na terra e na água.

Nossa vida tem mais trunfos.

Permita, senhor, que no labor.

Cresça a união e a paz, juntos

Tenhamos alegria e frescor!

Você: quero cada vez mais,

Como presente, muito mais.

Ritmo e sorriso, dor e siso:

A vida afora, está na hora...

Entre beijos e ternuras,

Nosso romance vivamos!

O futuro, nada temamos...

O tempo amadureça

Nosso inquieto coração,

Que tem sonho e razão!

8. O GENTIO E A ORAÇÃO

Deus mora em todas as culturas e nos corações que amam!

Certa vez um grego rezou!

Em Fedro 279 b,

Platão nos recorda essa sublime alma:

“Ao céu implorou um pagão,

do seu peito fluiu a oração:

‘Senhor, concede-me

chegar a ser belo interiormente,

e o que venha ter

e acumular exteriormente,

esteja em harmonia

com o meu interior.

Ainda consintas

que rico seja o sábio

e, quanto à riqueza material,

tenha em tal quantidade,

que seja ideal

para a posse

e prática do bem,

Como um homem sóbrio.’

Como Deus

não ouviria

essa prece?”

9. UM IRMÃO SEMPRE VICENTINO

Ao meu avô Chico Rola (Francisco de Sales Pereira) e aos vicentinos!

Visito campo e cidade, o lar necessitado.

Sou parte da Sociedade de São Vicente de Paulo.

A má distribuição continua;

Aos ricos tudo; aos pobres, quase nada!

Ó Deus, ouve o grito do seu povo;

O Vicentino, enviai às portas dos barracos e casas;

Quando tudo faltar e falhar, mãe desatina em lágrimas!

Quando o pão carecer, surgirem fome e crime...

Quando as portas de todos e das políticas fecharem...

Evangelho e alimento, que este cristão leve...,

seja a saída da miséria e do pecado pessoal e social.

Alivia tanta dor, ergue o marginalizado e tira o desânimo.

Irmão rico, empresário amigo, dê oportunidade e trabalho,

O irmão pobre precisa de educar o lar e morar.

Tenham todos o Céu como Tesouro, Aí será nossa Pátria Eterna.

Multipliquemos o talento e lapidemos nossos dons...

Cristo pede na Parábola.

Acredito: “Onde está o Tesouro,

aí estará o coração...” (Mateus 6, 21)

Meu avô Chico Rola também foi vicentino no Cajuru,

Há gente vicentina, aqui tenho meu amigo Jairo M. Silva,

Com voz calma e pausada.

Levo à casa desamparada a Igreja com Amor,

Mostrando a joia interior, a alegria sincera da luz de Cristo

Como Alma engajada,

À altura do Nosso Irmão mais Velho, o Cristo Nosso Senhor!

10. PAI-NOSSO

Aos que vivem da oração e na oração contemplativa.

Aos que agem e oram com fé!

Aos que amam e agem pela fé.

(Antônio Viera parafraseando; Mateus 6, 9).

Padre Nosso: eu digo, para viver a fraternidade.

No céu estás, que habites na terra em paz.

Teu nome santo encha o mundo e a vida dos cristãos.

O teu reino venha se houver justiça aqui,

Faça-se tua vontade: como Maria, Jesus e os santos...

Partilharam a esperança e o pão de cada dia.

Mas o maior desafio é perdoar como ele nos perdoou!

Se assim não fizermos, o Pai não fará!

Para termos forças na tentação do poder, do prazer e da riqueza,

Que a corrupção não se instale em nosso coração:

Mas é Deus que nos dá o Espírito de Jesus

Para vencer o maligno e o mal

Já que temos a inclinação desde o pecado original.

11. SALVE, AVE-MARIA!

Aos que não excluem ninguém!

(Parafraseando Pe. Antônio Vieira: Livro IV, Tomo XII, fils. 171;

São Lucas, 1, 26-38)

O Arcanjo saudou Ave,

Deus mudou o nome de Eva,

Os anjos cantam: “Plena Pax et Gratiae...”

Maria, estás acima dos querubins e serafins;

Em vista dos méritos de Jesus Nosso Salvador.

Quis a ousadia divina resgatar-te

da mácula original dos filhos de Adão.

A Escritura sintetiza e sinaliza: “O Senhor é contigo “

Javé é de Israel e Shekinah doravante.

Jamais de Deus te afastará!

De Israel, ecoa o elogio à Flor em Haste Virginal!

Teu Ventre guarda o Santo Broto, ó Santa Aliança,

Ó Santo Seio Suave e Puríssimo.

Iesus, Benedictum fructum ventris tui!

Arvore do Paraíso cujo fruto é santo e eterno.

O mundo, exilium et lacrimarum valle

Sustenta os degredados filhos de Eva

Neste vale de lágrimas em que nos mergulhamos

Com nosso pecado original.

Eia, Miriam, Maria, Amada de Deus,

Nova Eva, outra Árvore do Éden.

Ó Santa Maria, Todas as gerações a dirão Bem- Aventurada.

E a Igreja proclama sua Materna Mediação Singular,

Virgem da Conceição e Mãe de todos os Povos.

És a Teotokos, Mater Dei, Dei Genetrix Regina Coeli,

Advocata mostra!

Cujos olhos lindos e puros, santíssimos nos envolvem

E acalenta e consola e nos protege contra o mal e o pecado.

Não que a elegância divina não precise de mãe,

“Para Deus, nada é impossível!” Lucas 1:37

E, pelas profecias, a etiqueta divina presenteou-nos a Mãe,

José, seu Esposo Justo e o Filho Unigênito de Deus.

Teu semblante suave e meigo nos assista na vida e na hora da morte

Ó Mãezinha do Céu, com seu manto azul, nos conduza

Pela gratuidade da vida e, da morte eterna,

Livra-nos agora, ó Bondosa Senhora Nossa,

Ó Clemens, ó Pia, ó Dulcis Virgo Maria. Amém!

12. OS VERSOS FALAM

Aos que fazem o bem mesmo recebendo o mal.

Aos que acreditam na paz diante das guerras.

Aos que promovem os direitos das minorias.

Nos versos de arcanos passos,

O poeta finge coisas iniludíveis,

De luz e trevas como compassos

De momentos e atos volúveis...

Se a vida é tão tristonha?...

Invente-a com ousadia!

Se a dor for deveras tamanha?...

Ele a desnuda como alquimia!

Não há nada que o verso

Não queira ludificar, brindar, lidar...

A resposta está no mistério do poema!

Viver a vida ainda “vale a pena”,

A cada pessoa, diz Pessoa a vibrar,

“...Se a alma não é pequena....”

13. BILU

Lucas (Delvechio) Trindade Pereira, aos oito anos.

Tenho um cão de estimação.

Late ao estranho do portão

Que alegria brincar com ele assim.

Bilu é meu amigão!

Biluzinho, todo pretinho, pretinho...

Que bonitinho! Tão fofinho!

Vem mansinho pra mim.

Biluzinho pretinho que nem saci.

Quando olha deste jeito e fica só,

Todo mundo fica com dó.

14. MONTANHAS ALTEROSAS

À geografia mineira, que condivide seu espaço

com outros Estados do Brasil.

Vejo estrelas cadentes

Contemplo a Via Látea

Noites a fio, contente.

Medito na obra do Ser

Onipotente e Clemente

Que bordou o céu, neste instante,

De mistérios entre constelações

Há brilhos diferentes

Há olhos navegantes

Entre preces e conjecturações

Como é deliciosa esta noite

Nas montanhas e serras de Minas.

15. AO MEU AMOR

À minha querida Esposa Maria do Carmo (Delvechio) Trindade Pereira!

No mundo nada se compara

A delícia que exala

da paixão por ti.

Que não seja só uma atração,

Pois o amor quer continuar

Além deste lugar

Os anos passarão: sempre voltarão ao começo

É o alicerce do amanhã,

Ou a recordação do passado sorrindo...

A flor, a rosa, a gata podem um dia mudar,

Mas aqui dentro somos

Eternamente Jovens (filme).

16. À CIDADE DE DIVINÓPOLIS

Aos que acreditam na sua cidade!

Que cidade tem aurora mais linda?

Que povo comemora 97 de lida?

Que hino suave canta este rincão?

Que mensagem encera teu refrão?

És tu, ó Divinópolis, terra amada!

És 93 anos de Joia lapidada!

Mas temos 234 anos de caminhada.

Teu Brasão é alma encantada

Negros, bandeirantes, mineiros

Filhos de agora e Candidés Índios,

Todos, homenagens mil renderam

em trabalho, indústrias e prédios;

Ó céus!, por esta terra, morreram!

17. MOTIVOS DA ROCHA

Aos que, na história, almejam a eternidade, sem fugir da sua condição humana e cidadã responsável.

É preciso persistir no bem e na ética ao plantar o trigo e saber que o joio junto está.

Na areia, a casa cai sem fundamento.

Na rocha, ela tem seu enraizamento.

Ronca roda ronda rumo...

Quem pode suportar Netuno?

Cristo Rocha, Francisco de Assis tocha!

Maria nossa, a Igreja possa

Ser base de um mundo unido...

Claro-escuro da graça toca!

“Tudo fizeste sem nós, ó Deus,

mas não nos salva sem nós.”

Diante da tempestade, infunde a sé

E vigor do Cristo: doce albatroz

Tudo passa, só Tu ficas!

Inspire ao coração sabedoria

Do Verbo contra a tirania.

18. CONTADOR DE HISTÓRIAS

Ao Sérgio Resende costa e a todos que contam histórias.

Veja este contador de História.

Com voz e olhos a hipnotizar:

Ser alado a volatizar...

Espaço de magia e vitória!

Do chão, em tapete, palco surgira,

Da mala, erguem cartas de surpresa.

Vem a imaginação, nada presa...

Em muitos pontos, cada conto gira...

Sinta terras e novas do além,

Baralho vira dinheiro, surpresa!

Sino e mágicas surgem também.

Momentos felizes: pura beleza!

Com o Sérgio, agenda você vem!

Para o tempo, cheio de leveza.

19. A DÚVIDA

Não ter medo de questionar, avançar no pensar.

A busca da verdade tem rumos de amor e liberdade.

Exige doação e renuncia. A palavra felicidade pode ser perigosa e traiçoeira, se não for com base na ética e na busca do bem do outro também.

A dúvida fez bem à humanidade

É uma etapa da maiêutica:

“- Só sei que nada sei!”

Questiona o mito e o rito.

Forjou a busca da verdade filosófica.

É rumo ao húmus, eskhaton, esterco, finalidade.

Potencia de utopias e desmascara fantasias.

Das cinzas vem o fogo da inquietude;

Do amargor deste pensar vem o favo da libertação.

Duvidar-se, superar-se, investigar, investir em si...

Para formar uma doxa, um pesquisador,

O que é mais importante:

A dúvida ou a resposta pronta?

20. EM CRISTO TODOS UM!

Aos que crem e não que não creem!

Aos que creem na Cruz de Jesus, na vida Eterna pela Ressurreição!

“Há mistérios

Que estão acima

De nossa vã sabedoria...”

Desde a criação

Politeístas

Monoteístas

Deus da evolução

Povos inteiros

Oriente e ocidente

Cantem a Deus

Povo de Israel - Abraão - Levi

Jacó (Israel)

Isaac e os profetas

José do Egito

Judá – Moisés - Josué

Juízes

David - Salomão

José, Descendente de Davi.

Dimas – João – eu – você – Jesus: centro da história – Tiago – Judas Tadeu - Filipe – André – Pedro todos meus amigos– Paulo – Bartolomeu - Maria – Mãe de Jesus -Maria negra e de todas - As raças e lugares - Madalena- Santas mulheres

Todas as mulheres - Diaconisas

Mateus- Lucas -Marcos

Mártires de Belém , Roma, do mundo

Mártires de todas as guerras – dos campos nazistas

Santas virgens

Doutores e doutoras da Igreja

Gente da igreja e fora dela

Patrística - Papas santos e pecadores

Bispos – Sacerdotes – diáconos

Povo de Deus: porção do Reino de Deus

São Francisco de Assis e Santa Clara

São João da Cruz

Dom Bosco e as pastorais dos menores

Todas as religiões,

Todas as igrejas...

De boa vontade...

Teístas - ateístas

Crísticos - acrísticos

gnósticos - agnósticos

Todos os homens e mulheres

Todas as mulheres e homens...

Todos os nossos filhos e filhas.

21. MINHA VOVÓ ROLA

A Dona Rola de Arcângelo, distrito de São João del-Rei, MG.

Vovô, quando pequenina, no curral,

Corrias alegre atrás das rolinhas.

O tempo passou, espertinha, crescias,

O apelido Rola pegou no meio rural.

Saudades de teus olhos azuis,

Maria Luiza de Jesus,

Ainda sinto a alegria da viver

Uma fé inabalável no bem,

coração capaz de acolher

Foste viúva, mas não solidão!

O povo de Arcângelo a ti recorria

Dia e noite, teu rosto aos netos sorria.

O exemplo, que unia, vinha da oração.

Virgem de Fátima era tua devoção!

Missas, não perdias: sentias Cristo!

No irmão, acolhias com retidão.

De quem não caducou desde então.

Com seus 90 anos, conseguias

Sustentar a luta na esperança,

Tua atitude alumiava nossos dias.

Serena, contagiava tua crença.

Ouvias com amabilidade,

teu coração e tua devoção.

E entendias com facilidade

a grande família com emoção.

Nossa alegria era ver-te chegar

Vinhas, contente, a todos abençoar

O céu nos granjeou nossa vovó

Ditosa e virtuosa, esperto olhar.

Papai caçula, com carinho, te olhava,

Com toda dedicação, acompanhava-te.

Passaram-se anos, ele não se distanciava;

Triste ficou quando o deixaste...

22. VOVÓ LÉA DELVECCHIO TRINDADE

À Léa Delvechio Trindade, minha sogra, após a recuperação de seu neto Lucas Trindade.

Com Lucas bebê ao colo sorrias,

Uma foto selara aquele momento.

O menino agora contigo dormias:

Olhavas feliz após o sofrimento,

Invocavas o Padre. Francisco Gonçalves,

Ao terço terno, em mui doses, cingias,

Milagre de Ave-Marias entre reveses.

A Nosso Senhor, em preces suaves pedias.

O céu coloriu de novo a nossa história!

O Lucas renascido a ti sempre amou.

Deus presenteou-o com a vovó querida.

Paraíso, cheio de bênçãos, das dores o livrou,

Contempla, ó Lea, a Trindade e a Virgem Maria,

Lucas, não esqueça de tua vovó amada em vida.

23. PERFIL DO PEREGRINO

Aos que buscam a verdade e a Deus!

Senhor, o que é o ser humano?

Pálido reflexo da fragilidade?

Amotinado império do vazio,

Ignorando a si e ao cosmos?

Na sua queda, esconde sua força;

Na sua arrogância, minha seus princípios;

Na sua mania, há teimosia por sobreviver;

Na destinação, há futuro sonho por acontecer.

E, se tudo passar, o que fica então?

Vaidade, angústia e medo e solidão?

Se tudo é relativo, paradoxal....

É possível o absoluto essencial?

Só TU, Senhor, pode nos ajudar;

A questionar nossa condição mesquinha...

De muros e misérias, ainda construída;

Entre pobres e ricos, uma eterna luta.

24. MINHA MÃE

À Maria das Mercês Nascimento Pereira (08.03.2006)

Linda por dentro e por fora.

Digna dos filhos e do lar,

É a pérola da família e história,

De fato, tem perfil de educadora!

Mulher virtuosa e mão bondosa.

Soube desde agora e outrora

Viver com os seus como generosa,

Formando gente de honra

Aceita nossa gratidão e amor

Diante deste materno olhar, azul

À Virgem eleva nosso clamor

Brilha nossa estrela no sul.

Daquela cuja vida

Tem sido alegria

Ainda dor incida

Nessa harmonia

Evoquemos os exemplos

Da mãe carinhosa,

Que os céus amplos

Digam-nos: radiosa.

De sabedoria e amor

Com os frutos da fé

Na luta contra rancor

Tendo a casa como sé.

25. LEMBRANÇA PATERNA

Ao meu Pai Sebastião Pereira – Dentista do Tejuco.

Assim era o tempo de papai:

À porta da casa, assentado ficava,

As pessoas que com ele conversava,

Depois de um dia no consultório dentário.

Onde nasceu morreu!

Foi criado nas terras de Cajuru,

Nome antigo de São Miguel Arcângelo.

Seus pais viviam no Ribeirão Chaves

Entre Madre de Deus e Arcângelo.

Um dia, dos pais, pequeno, se despediu.

Foi estudar e fazer a vida longe,

em direção à cidade sumiu.

Tudo na casa de campo

Lembra meu pai na horta a plantar,

debaixo da árvore a ler

e aos campos a percorrer.

Sua vida ele contou:

Fez seminário, contabilidade,

Odontologia e advocacia.

E vejo como hoje,

Chegava bem à noite,

No Banco da Lavoura

Trabalhava mais tarde

Ah! Que saudade

De meu pai querido

Presente que Deus

Me deu em vida.

26. INFÂNCIA

Ao direito de brincar e ser criança! Pela paz, que cada pessoa tenha um lar e moradia e esperança de encontrar seus pais.

Chego a casa, vejo meus pais

Como são amigos;

Imperfeitamente amigos:

Eles me amam como sou

Eu lhes quero bem.

Talvez o triste de muitos

É não ter um lar para onde ir

Ou fugir do lar que se tem.

Ou acreditar amargamente:

- A família é apenas uma instituição

Burocrática, contraditória, tradicional;

Outros até já decretaram seu ocaso.

Esqueceu-se de suas origens?

Seus lares fracassaram?

É necessário ser moderno

Para negar o valor de um lar?

Meu lar é ainda bom

Com todas as sua chatices:

Lar é infância!

É café quentinho, volatizando sonhos

É papai ainda no gabinete a tirar dentes.

É mamãe fazendo doces e quitandas.

Ora papai pegando no pé para estudar.

Ora mamãe costurando nossas roupas.

Agora, anos se passaram...

A foto está na parede do coração:

A recordação faz doer a alma.

E a memória instantaneamente

Rumina emoções e situações.

Agora, inevitavelmente,

Eternizados no tody com fumaça na xícara

Apropriados nos passos do filho novo que nasce

E etéreos como uma mitologia,

Cujos deuses são bem humanos...

Para quem gosta de ler esse álbum,

Ainda no mofo parece pulsar...

Uma memória ainda vivamente intrigante!

Feliz dia de sua família!

27. ALFENAS

Ao Senhor Edmundo Pereira e Dona Hercília Branquinho, de Alfenas, MG.

Cidade singela

Vê no sul de Minas,

Que na passarela,

Bela via sintas!

Não sou de Tiradentes,

Nem barroca são João,

Mas busco liberdade,

E gosto de música.

Como é bom revê-la!

Meu lar era de três irmãos.

A história começou

E o dentista se formou,

E o menino no colo da mãe

O céu abençoou.

Recordações tenho:

Imagem dos padrinhos:

carinho de gente:

boas de coração.

Anseio estrada

Sinto Alfenas

Como ninho e ancora.

28. JOSÉ, E AGORA!

Aos que cresceram na crise na fé.

O quartel passou

O seminário se foi

Teu pai partiu...

Os amigos se debandaram

Hoje você tem mulher,

filho e obrigação,

Veja que tudo mudou!

Nem o soldo, nem a pastoral,

Nem a protelação

Podem resolver

O que você precisa fazer!

Resta agora

sua ação

Seu trabalho

Sua família

Sua educação

Para legar

o desafio e o prazer de viver

Ao Filho

Se você vencer

Se você lutar

Se você pensar

Que há Deus

Pai para ajudar

A vida fica diferente:

Os desafios são prementes,

As pessoas não nasceram prontas

Estão por serem gestadas!

Somos eternos

Aprendizes de nosso viver.

Siga seu coração,

Não se deixaste robotizar

Aprenda a amar si mesmo,

O céu só pode-o sustentar:

O mistério não o desabonará!

A morte não será apenas um fim...

29. LUCAS, LUZ DA NOSSA VIDA!

Ao meu Filho Lucas Trindade Pereira!

Do nascimento até agora

Sempre o olho e me alegra

Saber que a vida vencedora

Da morte e da dor nos agrega

Como uvas em vinho na adega

Contemplei-o desde a aurora

Noites aos pés da cama vigiara

De dia, banho, passeio, carregara

e ao médico, mãe e pai o levara

Aos poucos, tu encheste de primavera

Nossas vidas, em teu rosto os traços herdara

Como crianças na ágora

Como Sócrates que sonhara:

um povo e filhos; projetara

a eternidade na efêmera

passagem – riso viera

após dias de tua vitória.

O verde de teus olhos brilhara

Ao ver o mundo, iniciara

A descoberta de tudo, a aurora

da vida aos sentidos tivera

Novo ator, a musicalidade soara

E teu rosto sempre contemplara

A alegria; e o aconchego viera

Como presente nos comovera

E sempre tua presença contagiara

Nosso coração – Lucas nascera!

30. PAULO AUGUSTO

Meu sobrinho (03/07/1992)

“Nostra laeticia

est primus!

Dominum laudemus,

Em est vita pulchra!”

Três mundos há:

O seio materno

O solo da história

O divino reino.

Sua vinda nos alegra

Atrai sendo pequeno

Lembre-nos Jesus menino

Lembre-nos vida afora

Que somos iguais

E também diferentes

Pois sendo novo

Somos únicos

Tão boa mãe esperou

Tão feliz o pai olhou

Todos contemplaram

O que os céus deram

Augusto é belo,

Paulo é apostolo,

Impera o bem

Em teu leito. Amém!

Salve feliz 29 de junho

Basta trocar o dia

Para 92 amanhecer

Paulo Augusto no nome

Sempre tenha renome.

31. CRIAR NA DOR

Aos que sofrem e vivem à margem da sociedade!

Sol torto nos galhos do sertão seco,

Chuva que não chove, reclama a alma,

Como triste pesadelo infinito e oco,

Ái, coração! Empedernido como drama...

Dias de sede: miragem de pó em desertos!

Assim, a mente cheia de sonhos morrendo...

Meu povo sofrendo, teimoso e resistindo

como insetos em cerrado, cupim e cactos

Carne: terra a dentro – ardendo,

Água: sedento povo merecendo.

Será que além, outros vivem essa dor?

E tem vigor para amar sofrido labor?

Sinta o quão é tensa a miséria...

Não queira isso para tua Tutaméia.

Campos floridos e gente feliz,

Estou lá como o peixe em mar

O suor escorre e a visão alude

Um mundo novo é o paraíso.

O nosso sertão: mundo afora! -

32. OS IMIGRANTES

Aos italianos que vieram a Minas Gerais.

Sol Mediterrâneo da terra de Garibaldi e Danti,

Pisam as montanhas alterosas das Vertentes

Com sonhos e desafios mil - inconteste,

"Depois, corações são aclimatados noutras vargens..."

Dia a dia: miragem do porvir

Assim a mente cheia de saudades da Itália vertendo

Um povo diferente teimoso e cantante:

migrantes, nos prados, nova linhagem gerando

Esperança: terra adentro - desejante,

Um nicho de uma nova identidade .

Será que as novas gerações mantêm esse "modos vivendi"

E elas têm vigor para amar o labor?

Sinta você como é tensa a histórias de duas etnias,

Construindo uma nova Tutaméia!

(voz de Minas em Guimarães Rosa)

Plantações floridas e gente feliz,

A diferença acontece lá como o vinho na adega

O suor escorre e a visão projeta

Um mundo novo de utopias: desencontro, encontros...

Giarola, César de Pina, italianos se tornam brasileiros! -

33. MELCA

À Celma, outra incentivadora desta obra.

Seu jeito de ser vem nos cativar!

Alegria está no coração.

Meiguice cativa da criação.

Esta presença quer nos conquistar!

Sincera, circunspecta os poentes,

Vivaz, pensa as possibilidades,

Cativante, vê probalidades,

Firme, circula voos tolerantes.

Hoje, simpatia e esperança,

Esforça-se por praticar o bem.

Doravante, surge vital presença.

Cada meta, empenha-se também,

Conquista, cada passo: eis sua crença;

Seja feliz, sim, aqui e além.

34. O GANSO BRANCO

Ao meu vizinho Herbert Ladislau ,

que cuida de seus bichinhos!

As estrelas e a lua brilham no céu,

O quintal é perto de casa, cheio de galinhas,

Galo e pintainhos.

Mas, nesses dias, um ganso veio e despertou a vizinhança.

Inquieta-se com qualquer gente que passa.

O macho é lindo, lindo, lindo.

De olhos azuis, pescoço grande e grita mundos e fundos.

Sua brancura se destaca da noite escura.

Sua bravura se realça no manto negro da noite.

Caminha desengonçado e emite gritos embolados.

Ninguém entra no lote, ele avança e grita cada estaladão!

35. O NADA

Aos que buscam a verdade, via filosofia!

Não sou nada

Deus tudo fez do nada

Tudo volta um dia ao nada

Ávida passa num segundo.

Nada do que dizem poder ser verdade

“Nada se perde, tudo se transforma”,

Nada acontece em vão!

Sou um nada, então!

Nada eu sou?

Tudo é oposto ao nada?

Fiz nada para merecer a existência...

Nem pedi para nascer...

Sou como Jó quando a dor vence,

Vem a noite, o universo estrelado:

Indicam um plus acima de nossa vidinha;

Será que existe vida além daqui?

Sem ar, volto ao nada: tudo passa!

Nada fica: tu és pó...

Não foi nada

Nada consta

Não enxerga nada

Não, eu não fiz nada...

Não sei de nada...

Você é um nada...

Nada, porém, acontece em vão,

Ninguém tem razão

Isso me parece uma aberração,

Nada acontece por acaso...

Fiz nadinha...

Nata, nato, nonada, natural, nação,

Contra mão da história...

E justificamos nosso erro,

Aplaudimos nossos acertos,

Escondemos nossa empáfia,

Pisamos em quem não tem nada:

Acumulamos riqueza

Que traça há de comer:

E dizemos nada saber!

36. HISTÓRIA DE NÓS DOIS

Aos que acreditam no amor!

Muitas coisas eu vi, ó moço,

À noite, nos braços dela...

Conto ainda com os olhos

Em brilho e os lábios molhados.

Um amor não tem preço,

Nem se encontra mesmo no pregão da bolsa de valores...

O sonho se conquista e há casos, ó moça:

São histórias de ontem, de hoje e outras de amanhã:

De plebeus e patrícias...

De princesas, Gatas Borralheiras,

De Brancas de Neves, ou Chica da Silva...

Ou talvez um amor impossível de Romeu e Julieta,

Talvez de Esmeralda, Senhora, Diva...

De Damas e Vagabundos...

Destas mulheres ou Celebridades

De lindas Belas

com estranhas Feras...

Não importa a língua, a tradição, o tempo...

Ou a eternidade.

Muitos ficaram consagrados em fotos,

Outros em filmes, outros em novelas.

Ainda outros em romances e contos!

E, teus casos, amados e amantes?

São da pedra, da antiguidade clássica?

De um Abelardo e Heloísa?

Do gótico ao medieval?

De Dom Quixote?

De Eugênio e Margarida?

De Bentinho e Capitu?

De Ceci e Peri?

De Joões e Marias?

Se for ainda do flerte do romantismo,

Ou talvez lá do outro lado do mundo

Entre budistas e gregos,

Croatas e Sérvios,

Talvez aqui no terceiromundismo,

De Mineiros e gaúchos?...

Do castelo à choupana,

Tu contas uma linda ou difícil história

De um Grande Amor.

Vejas que o retrato está no álbum

Dos nossos pais o retrato, à parede!

Tão difíceis e nobres

Como Deus assim quer o teu e o nosso...

37. À MULHER

À mulher que constrói a história e o lar.

A mulher que forja o Brasil melhor!

A mulher que luta por um mundo ético!

A mulher que santifica as Igrejas.

Neste dia de sua data,

Ó mulher, quero lembrar:

Cada uma que nasceu neste solo

Cada mulher pobre

Cada mulher negra

Cada mulher branca

Cada mulher de todas:

As raças, as religiões, de todos os tempos

De todas as cores e humores...

Sei que todas, uma a uma...

É presente para Divinópolis

É maneira e força

Criatividade e coragem

Dor e alegria

Sentiram aqui

Em suas vidas.

Em suas idas e vindas

Teceram gestos e exemplos

Tomara, que Deus queira

Que nossa vida seja inteira

Que cada dia e cada mulher

Gere presente para vida melhor

38. À MINHA ROSA, COM AMOR!

Aos 80 anos de dona Rosa B. Silva (24.08.2005)

Encante com criatura bondosa!

Bela rosa exala seus perfumes.

Hoje contempla seus anos e lumes.

Cale e ouça voz melodiosa?!

Veja qual fé linda e lucidez,

Todos rezam pela mãe e senhora.

Seus exemplos guardam desde agora,

Nada sufoca esta honradez.

Se a solidão bater à sua porta:

Cultiva sua fé na Virgem Maria:

Seu coração a saudade corta...

Agradece a Deus noite e dia:

Dores e lida da vida suporta;

É gente a mostrar sua simpatia.

39. CINCO SONETOS

I – MOMENTOS POÉTICOS

Aos meus leitores e às minhas leitoras!

A Vida tem seus Momentos Poéticos,

Que se burilam em versos eternos.

E o poeta vai além dos céticos,

Porque sutiliza moção em versos,

Nas entrelinhas antevê o pulsar

De coração cheio de esperança,

Amor maior a Minas a vibrar,

De alegria qual pura criança.

Contemple, pois, alma gentil e sinta...

Suave melodia do soneto,

Seja Camões como latina cripta,

Seja Shakespeare como toque feito.

Divinópolis, brinde o Divino!

São João Del-Rei, Cidade do Sino!

40. AO FREI ORLANDO

Aos que evangelizam!

Frei Orlando – exemplo de caridade – chegue às honras do Altar.

Aos que dão a vida pelo Cristo!

Aos que vivem pela fé!

Morada Nova tem mineiro franciscano!

A todos sorriam devido às suas piadas.

E o capelão ama pobre e o pequeno

Seu rosto rima com muitas risadas

Mostrou que o calor da amizade

Vale muito e enaltece o coração.

Viveu o evangelho na sinceridade:

A todos dava a palavra de irmão.

Aos soldados, na solidão, sua presença

agia solícito qual anjo da guarda.

Era riso a preencher do lar a ausência

Sua farda mortalha sagrada

Sua ternura sublime lembrança

De uma vida hóstia consagrada.

ORAÇÃO A FREI ORLANDO

Ó Deus, infinitamente bondoso, nos consolaste aos que conheceram Frei Orlando, fortalecei a esperança, aumentai a caridade e inflamai a fé de todos os que invocarem Frei Orlando. Especialmente, nós vo-lo pedimos a graça..., que desejamos para que possamos ver na amizade de Deus e viver uma vida cristã autentica e uma boa morte. Amém.

Pai Nosso, Ave-Maria, Glória ao Pai...

J B Pereira

Enviado por J B Pereira em 08/01/2015

Código do texto: T5095498

Classificação de conteúdo: seguro

FREI ORLANDO, OFM, Patrono dos Capelães Militares, ou Antônio Alvares da Silva (13/02/1910 a 20/021945)

Nato de Morada Nova, distrito do município de Abaeté, MG, morreu na Itália como capelão militar em acidente inesperado (ao colocar o fuzil em valeta onde o Jeep se engastalhou e apertando o gatilho com arma voltada para si mesmo).

Ofereceu-se para acompanhar os soldados brasileiros na Segunda Grande Guerra.

Patrono dos Capelães Militares por força de decreto-lei 8.921, de 28/01/1946, pelo presidente da República do Brasil. Por isso, seu relicário está em Brasília no oratório dos soldados.

Em São João del-Rei, foi capelão militar e dedicado frade caridoso com grande reconhecimento da população e no 11º Batalhão de Infantaria e Montanhismo.

Em Divinópolis, onde esteve estudando desde menino, há um busto em sua homenagem. Seu pensamento marcante foi o sorriso e a diaconia. "Passei a vida a sorrir embora tivesse motivos para chorar", conforme sua afirmação registrada no busco em Divinópolis. Era um sacerdote franciscano e agora o beato em processo na Santa Sé em 13 de fev. de 2004.

FONTE (ADAPTADA): Gazeta de São João del-Rei, ano VI, nº 284, , p. 1, 31 de janeiro de 2004.

41. O LIVRO

Aos que gostam de ler e amam ficção e a história e memórias.

Na biblioteca procuro um livro!

Quando o acho, fico contente.

O que descubro é exílio e lírio:

A pesquisa é novo expoente.

Ler parece um martírio, sem fim,

Quando do livro não se tem gosto.

Mas se a leitura cativa a mim:

O prazer está além do imposto.

Se a vida não se reduz ao alvoroço,

Urge criticar o conteúdo proposto

Decorar fórmulas é só um esboço.

Mire a alma ao infinito, ao conhecimento,

Ao analisar as entrelinhas do não-dito.

Ao fim da pesquisa, sinto contentamento.

42. INCENTIVADORA - GRATIDÃO À MÁRCIA

À Márcia Ap. Cecílio, da Biblioteca Ataliba Lago.

Este soneto dedico à Márcia,

Venho gentilmente enaltecer.

Este livro de poesia e memória,

Venho, alegremente, agradecer.

No primeiro instante de vida,

Destes Momentos Poéticos,

Sinta, então, você engrandecida,

Primando-se em modelos éticos.

Para quem promove o outro,

Nisso, sua alma eternizará!

Sua vida brilhará qual ouro...

E ao futuro seu nome legará.

E a cultura será seu ancoradouro.

E o bem a todos chegará.

43. HOMEM PÚBLICO

Ao Secretário Eugênio Guimarães, parabéns pela Revista Portal!

A esperança, a fé penetrou.

Alegria, a vida concedeu.

Lealdade e força, Deus cedeu.

O nome como escol demonstrou!

Prudente esse homem se comporta,

A todos, recebe com atenção.

A cada um revela emoção!

Esta palavra a muitos importa.

Contempla o Portal desta cidade,

Sendo o incentivo à cultura.

Semente outra de prosperidade!

Política como desenvoltura,

Cada projeto tem identidade...

À história, nova aventura.

44. CAIXINHA DE DESEJOS

Aos que acreditam nos pais e nas crianças!

Pelo respeito aos direitos das crianças.

Que os pais assumam seus filhos!

Que os pais amem seus filhos e suas filhas.

Não ao aborto e contra a separação de pais.

Pela unidade das famílias.

Certa vez

No dia dos pais,

Minha filha,

Dei-me uma caixinha:

Um presente secreto.

Hoje eu a peguei:

Está amarelecida pelo poder

corrosivo do tempo..

Embora idoso, meus sonhos

não são idosos.

Vejo direitinho

Aquele dia

Minha filha, só a telefonia

Pode agora alcançar:

Está em outro lugar

Naquele dia da caixinha:

Não vi nada

Apenas um fundo vazio

Mas a minha filha

Disse estar cheio

Cheio de carinhos

De bem-me-queres

Guardo feliz essa lembrança

Que levarei comigo

Um dia,

Um mês,

Um ano...

Hoje, são dez anos:

Ela cresceu,

Mas é minha filha!

45. DEUS É...

Te Deum Laudamus!

Gloria Tibi Trinitas1

Deus é Pai!

Deus é Filho!

Deus é Paráclito!

Deus é Uno

Deus é Paz

Deus é Amor

Deus é Perfeito

Deus é Comunidade

Deus é capaz

Deus é rapidez

Deus é eficiente

Deus é eficaz

Deus é solicitude

Deus é solidez

Deus é Trindade.

Deus é...

46. HISTÓRIA INFANTIL

Aos que contam histórias e estórias!

Muitas histórias, à note, tu contas,

Lembras as fábulas, parábolas, fadas...

E as crianças, contentes, tu acalentas:

E elas crescem rápido e querem

Ouvir outras tantas histórias...

- Dorme, menino! Pois, o conto vou-te terminar.

“Entrou por um pé, saiu por outro,

Quem quiser conte outro...”

Em meu lugar.

47. SE ESTA RUA FOSSE MINHA,

Às crianças de ontem e de sempre!

Eu pintava de azul todinha,

Com alegria no horizonte,

Com sorridente semblante,

Só para meu bem entrar.

Nesta rua mora gente,

que vive contente

um convívio de paz,

porque é feliz e capaz.

48. A PRETA MADRINHA

49. O MENINO

50. PESSOAS E CACHORROS

51. (IN)QUIETUDE E MISTÉRIO

Aos que lutam por seu ideal!

Como folha suspensa ao ar,

Cobro de mim como o balar de músicas.

Cumulo visões antigas e novas,

Cubro a aurora de alegria e dor.

Curto cada e noite!

Caibo-me em trilhas e milhas.

Acabo-me em ruinas e um dia...

Calam-se os meus monstros e gritam-se as vozes insistentes.

Cada um de cada vez, lindas e difíceis de exprimir!

Não são encarnações do além.

Mais rimas e desfiles de ensinamentos que aprendi:

Mais conflitos e aflito, compreendi, respondi, senti e recebi,

Mais vale a pena viver, para depois um dia morrer!

52. INDAGAÇÃO

Aos que buscam o sentido da vida!

Vivendo e aprendendo...

Com a morte e a vida.

Inquieto com a vida e investigando a morte!

Parecem mistérios sem lógica: o viver e o morrer.

Ninguém não pode no nosso lugar ser...

Que coisa estranha pensar e aceitar a morte?

Não sei tudo: mas a morte a tudo rompe!

Avida impera além da morte?

Penso que a fé pode indicar algo mais!

Há moradas, além desta murada!

Ora, é dom e felicidade acreditar... Isso não faz mal!

É certo, é duro ver que um doente morre tanto quanto o são!

A morte é remédio e solução, é paradoxo enfim!

Dá alívio a quem da vida cansou;

Mas tira dela quem ainda não amadureceu.

Dela não escapa nenhum vivente...

Penso e vivo como quem vai morrer! Não a vejo distante e dilacerante...

A morte como parceira da vida quero ter.

Para chegar à Eternidade... é necessário morrer!

53. PADRE JOÃO BRUNO BARBOSA

Homenagem ao Padre Bento Mateus Borges!

Aos sacerdotes e amigos do Padre João Bruno de Itapecerica, MG!

Para que os padres e pastores sejam próximos ao povo.

Para que sejam desapegados das coisas e amem as pessoas.

Vivam segundo o Coração de Jesus, modelo do Pastor das ovelhas.

Que sorriso lindo no retrato deste sacerdote!

Sua alegria tocou os corações.

Venceu todas as barreiras.

Conheça a história deste homem de Deus.

Procure seu admirador, O Padre Bento Borges.

Nossos olhos contemplam o sorridente,

Semblante contagiante,

Soube às crianças na rua abençoar, dar santinhos e balas.

Eleve, ó minha alma, esta prece a Jesus,

Graça com fé, eu necessito, certamente;

Alegria de viver, hei de alcançar;

Amar e perdoar, hei de vivenciar;

Paz e a justiça, hei de praticar, hoje e sempre!

54. FUTURO DA MINHA CIDADE

A todos que buscam e lutam por uma cidade melhor!

Sou cidadão com a natureza e história na mão.

Sou responsável pelo futuro desta cidade.

O sistema se modifica se eu me modificar.

Minas ações provocam modificações, anda que pequenas!

Meu comportamento influencia o tempo, a memória e as pessoas.

Preciso sair da indiferença para a existência.

Levando contente minha essência e aperfeiçoando minha consciência.

Acredito no princípio da co-responsabilidade inevitável!

Quero ser parte ativa do futuro de minha cidade.

Porque é aqui que estou vivendo minha vida agora.

55. RIO ITAPECERICA

Aos que desejam a recuperação do nosso rio!

Eta rio bom! Que corre esse torrão!

Meu pai nele se banhou quando pequeno...

O Passado viveu de águas limpas e de peixes.

Até que Divinópolis cresceu e se esqueceu dele.

Era cartão postal e alegria em sua margem;

Corria de grota em grota vagando viagem.

Mas as casas e fábricas fizeram dele o esgoto,

E o rio luta ainda com muito esforço e desgosto...

Crianças e bichos querem a recuperação;

As águas pedem socorro!

O cheiro de poluição é um horror...

Os adultos e políticos precisam encontrar a solução.

Já pensou que esse dia deve chegar?

As aves e outras espécies terão seu limpo hábitat;

E a cidade será, então, divina e linda!

E o Rio respirará com a gente e a vida poderá brilhar!

56. SERRA DE TIRADENTES

Homenagem ao Geraldo Tito Sandin e Norma Borges!

Aos que preservam a Natureza!

Pela sustentabilidade ética e ecológica!

Não a toda forma de corrução e mau uso dos recursos naturais – todos esgotáveis (água, ar, terra, minérios, etc.)

Antes, a serra era lugar de passeio e turismo!

As pedras eram intocáveis e o ar limpo rodopiava ao vento,

O verde imperava em toda parte, com arte nas campinas e colinas.

Só o homem e a natureza em sutileza e beleza...

De lá se via paisagem virgem e pura...

E a vida parecia eterna e muda.

Toda sorte de samambaia e plantas!

Via São João del-Rei e Tiradentes em cinza-verde mantas.

Até que uma indústria aí surgiu, destruindo a serra...

Exigiram direitos e uma areia branca do chão, sugou...

Feira aos olhos e manchava a paisagem...

Desvirginando margens da Estrada Antiga Real e afundando riqueza.

Muitos fingem que nada acontece!

Dias e dias amanhecem...

E o povo e as autoridades esquecem:

Quem foi Tiradentes?

Que foi a Serra de São José de Tiradentes?

Tiradentes deve estar indignado do outro lado. (acrescentado pelo autor)

Hoje, lugar de devastação e exploração de nossas riquezas...

Que a alguns enriquecem contentes, inescrupulosos...

Areia nos olhos de São-joanenses e gente de Tiradentes! (acréscimo do autor)

Insensíveis adoradores do ouro branco dos vidros de tv.

E ficam por isso? Não se fala mais nisso? Que pena!

57. TRADIÇÃO E RENOVAÇÃO

Aos novos e antigos!

Pelo respeito ao hibridismo cultural.

Pelo diálogo entre gerações.

O amor ao ser humano acima de tudo!

Mutirões, procissões e cantigas, festas e famílias.

Quanta coisa aconteceu, omitimos e esquecemos como eram!

A cristandade e a colonização pareciam de mãos dadas...

Minas tecia novas Vertentes em Grande Sertão...

Sebastião Bemfica, Adélia Prado, Miqulins e Manuelzões em buritis...

Resgatam traços desta história e alguns veios da religiosidade...

(...)

A Cidade cresceu e apareceu... A tradição foi cedendo ao novo!

Vieram trilhos de montão e se foi muito minério desta região...

Arranha-céus enfileiraram-se quais vagões das ferrovias...

O Centro-Oeste Mineiro teve pulsações de novas vias

De todo lado, muitas chaminés, prédios e progresso...

Jovelino Rabelo virou divino divisor-de-águas!

Os casarões cederam aos novos mercados e amplidão.

Patamares da modernidade paradoxal!

Sem deixar de ser interiorana e moderna.

Franciscanos pregavam missões.

Gente diversa vinha de todos as direções.

Muitas mentalidades se dialeticalizaram...

Embevecidas pelo progresso e sucesso...

Fundições e confecções

tornaram–se a base da economia.

Aos poucos, Divinópolis tornou-se pioneira nas confecções...

Referência: é o Centro-Oeste Mineiro!

58. SÁBIO (p. 52)

Aos que pensam que o sábio morreu!

Que ouçam o carisma e não se ceguem pelo poder.

Sim, o sábio existe!

Ele está no nosso meio.

Mas o ignoramos,

Exigindo que seja igual a nós,

rindo de suas ideias,

Prensando eu é um fracassado,

Trocando-o por ideologias,

Presentes gregos da nossa idade.

Ele será ouvido em outras paragens,

Sua poesia e teoria vibrarão em outros cantos.

Choraremos, então.

Se não ouvirmos, os sinais ficarão para outra geração!

59. PASSARELA

Pelos que não se descuidam da ética na estética!

Pelo fim da ditadura da beleza, que esquece a Beleza das pessoas.

O apego ao culto do corpo contra os valores da pessoa e das culturas.

Cuidado com a lógica do mercado contra a educação libertadora.

Lá vem ela, toda luz na passarela!

São grifes em sites, em febre de modernidade.

Vitrines agitam o mercado e a moda de Divinópolis.

Conquista divisas para muitos dessa cidade.

Luzes, câmara, salão: as confecções em ação!

Parecem estrelas da noite do sertão em brio.

Acorrem cores, estilos e variedade de opções:

Reinam modos e cortes de moda: verão e frio...

Gente linda se apresenta nesses rincões;

Variegadas manobras e estilos em profusão;

Cores e humores propícios às estações.

É um portal seguro

De lucros e vendas,

Empresários e consumidores,

Em expectativa positiva...

A passarela vai começar!

Venha nos visitar,

Venha então brilhar,

Vender e comemorar...

Pois as grifes estão como primavera!

60. UM SALMISTA NAS CRISES (p. 53)

Por uma espiritualidade contra todo pecado!

Por uma mística contra a corrupção.

Deus não abandona as criaturas que o invocam.

Deus está em todo lugar e no coração dos homens e mulheres de fé e que buscam viver a ética.

Senhor, as minhas verdades murcharam!

Vivo entre lobos.

Pior, vivo entre lobos vestidos de ovelhas.

Não tenho em quem confiar.

Vivo agora das crises e nas expectativas...

Encontrei o não sentido, pedras e deserto.

Encontrei a mim mesmo entre delírio e desvario.

Tenho medo de tomar novos rumos e saídas,

Não sou tão forte e arrogado como antes.

Um vazio veio, os amigos sumiram, fiquei

Entregue a mim mesmo: solidão, lágrimas, ostracismo...

Consumo-me em sofrer dia e noite

Cheio de incertezas e lembranças vis

Receio de minhas opções e penso muito e nada faço.

É difícil lembrar às vezes que existe um Deus por aqui.

Mas, sua luz ilumina minha escuridão e queima meu coração.

Supera-se o lugar-comum, aguardam-me dúvidas,

Para quem tudo parecia saber, tinha poder e dinheiro,

Amigos, prazer, festas, fãs, futilidades tudo agora.

Sobre meu ser e meu futuro, não sei dizer.

Sei que a vida fora um espetáculo de ostentações

Sei que a vida é um piscar de olhos e “viver é perigo demais”.

Às suas asas – da aurora e do Outro Supremo –

pode me contornar, esmiuçar,

abrigar, inquietar, entender...

Hoje – só hoje quero viver. Amanhã será depois.

“A esperança não decepciona!” Vencerei...

61. AOS 50 ANOS DA BIBLIOTECA PÚBLICA MUNICIPAL “ATALIBA LAGO”

Ao poeta Ataliba Lago, in memoriam.

Aos funcionários e usuários desta biblioteca.

Vamos curtir seu aniversário?

As portas reais e virtuais do saber se abrirão;

Os corações e mentes se alegrarão.

Quantas vezes o livro a gente encontrou,

Apreciou, ponderou, revitalizou, admirou?

Quantas respostas a nos inquietarem?

A gente sondou o passado, o presente,

Conjecturou o futuro, talvez.

A gente vislumbrou o fascínio e

Tentou adiar o tédio, a solidão e o insólito?

A gente quer desvendar princípio, meio e fim.

Admire esta biblioteca!

Para dizer:

- “Sua história não tem preço”,

Tem tudo de que você precisa.

Ou quase tudo, um pouco de tudo,

Um pouco de cada vez, um pouco

De quando em vez...

Ela é fonte suave ou grave, gratuita e fortuita

De informação, diversão, curiosidade e buscas...

Uma mera pergunta, atroz indagação,

Consolidação de um saber, mergulho de um ser

E propósito de intelecção e superação.

É palco de histórias e inspiração.

Atratividade e criatividade

Em caleidoscópios e mosaicos,

Prismas e angulações de ritmos,

Riscos, sentidos e transcendências.

Nossa Biblioteca é motivo de orgulho!

Sintonia silenciosa de vozes, desejos e pensamentos,

De tanta gente que gosta de gente.

De gente que nela gosta de ler, escrever e pesquisar.

De tanta gente que encontra caminho, carinho, ninho e emoção.

De artistas, poetas, músicos e várias atrações para todo ano.

"Muitos estudam para bem saber que

do bem viver, viver na graça de Deus."

(Imitação de Cristo)

62. GLORINHA DA BIBLIOTECA

À Glorinha da Biblioteca, à Dr. Ivone Gomes Guimarães, à Maria de Fátima Dias,

À Sandrinha da Biblioteca, minha gratidão e respeito a todos e a todas.

Como é bom recordar quem fez parte dessa história:

Maria da Glória Guimarães. Quero saudar homenagear.

A esta biblioteca, ela quis muito se dedicar.

São 28 anos de serviços, que vêm à memória!

Quem não se lembra da Glorinha da Biblioteca?

Quem não se recorda de sua voz? Ela tinha o segredo?

De quem conheceu o interior das pessoas sem medo!

De quem amou de verdade com carinho e emoção.

Como sentimos sua ida e sua ausência!

Deixou-nos uma lacuna impreenchível.

Vivamos seu Ideal, tanto quanto ela, como presença.

Continua viva em cada conhecido e admirador;

Que pedem a Deus sublime recompensa na eternidade.

Em seus gestos e seus feitos, existiu a bondade.

O que praticou de bom e lindo inspire nosso labor.

63. O LÍDER

Aos líderes de todos os tempos.

Os que seguem a ética e são morigerados.

História de líder provoca tanta opinião!

Alguns se tornam chefe e outros andam na contramão.

São incômodos e tidos por arruaceiros...

Questionam tudo e fazem revoluções.

Uns sem armas se tonam ícone de libertação.

Alguns talentos – sua palavra é temida.

Outros são referência e caudilho.

Sua vida, um pavio e estrela na noite de estio!

Seu carisma aponta risco e solução.

Ele arrisca a cabeça e não entrega os seus.

Em sua cadência avança o povo!

Arrisca palpite e sua cabeça cai.

Forjados na dor e no sangue.

Viram mitos da nacionalidade.

Quanto tudo está perdido, nasce a esperança.

É beato e gente cheia de Ideal.

Caminha de vila em vila, somando força descomunal.

Unifica os contrários, sua radicalidade banaliza

e escandaliza os acomodados.

Sua coragem arrosta o empecilho e toda mediocridade.

Sua presença é apelo ao sagrado e baliza.

Sua fama fisga o passado, sua visão mira o futuro.

Sua ação é de herói e fardo.

Sua dor e fardo descansam os pequenos e humilhados.

É paladino das mulheres, crianças, idosos e injustiçados.

Sua alegria é força do povo.

É timão para os que estão dispersos.

Morreu por um porvir. Vive inquieto para servir!

O poder deseja persegui-lo... E sofre e é traído

Por outro que o poder corrói e destrói.

Se não fossem os líderes, a história seria estrábica ou vesga

e obtusa, autoritária!

É o carisma do povo contra o poder sem povo.

“Quem faz muito ama...” (Imitação de Cristo)

64. TRAJETÓRIA

A todos que aprendem com a vida!

Dos que optam pelos jovens, pelas mulheres, crianças,

Pelos pobres, negros, índios, o forasteiro injustiçado...

Aos poetas que usam os dísticos e recursos visuais; um deles:

Haroldo de Campos: “de sol a sol/ soldado// de sal a sal/ salgado...”

De terra em terra,

Broto ousado!

De rosto em rosto,

Perfil desejado!

Mão a mão,

Trabalho conquistado!

De risco em risco,

Planos arriscados!

De desejo em desejo,

Sonhos sonhados!

De estudos em estudos,

Momentos paradoxais!

De esforço em esforço,

Alimento com reforço!

De fracasso em fracasso,

Fiz-me palhaço!

De passo em passo,

Deixei meu passado a paço!

De bloco em chão,

Tenho a alma, mirado!

Fiz da vida: Poesia

De momentos algum Momento.

65. CALCANHAR DE AQUILES

E/OU SINDROME DO ZIDANE

Aos que caíram e levantaram.

Aos que souberam se perdoar depois de tantas quedas.

Aos que sofreram e buscaram ajuda e terapia, remédio e prece.

Aos que perdoaram aos que caíram e perdoaram quando machucaram entes queridos.

“ Por melhor que seja alguém,

Chega o dia em que há de falhar...

Só o Deus vivo a palavra mantém,

Jamais há de faltar.” (Letra/música: Waldeci Farias)

Quem nunca errou?

“- Atire a primeira pedra...”; (Jesus)

Por melhor que a gente seja,

Um dia há de falhar! (paráfrase: W. Farias)

Perdoe a quem vacila, titubeia ou perde o pênalti.

Fique “a barba de molho ao ver o telhado de vidro” * (veja poema abaixo de J B Pereira)

Jesus perdoou e ensinou “setenta vezes sete” a perdoar.

Não sabemos conviver com nossa fragilidade, falhas, lacunas?

Diante do erro, escondemo-nos no manto da onipotência,

Ou assumimos nossa fragilidade e nossa limitação?

Pior ainda se o nosso erro aparece em público,

Nosso orgulho sofre humilhação!

Errar é a marca registrada da humanidade.

Corrigir-se é para alguns que querem recomeçar pela verdade...

Até Aquiles, tido invencível, caiu inexoravelmente,

Quando atingido em seu calcanhar.

Somos vulneráveis,

Sofremos todos da Síndrome de Zidane,

Quando atingidos em nosso ponto-fraco, indubitavelmente,

Amarelamos, Aquilizamos e Zidanamos.

Perdemos o norte, a compostura, do caminho!

66. NHÁ CHICA (p. 58)

Aos que lutam contra todo preconceito e racismo de todo matiz.

Viva Nhá Chica! Viva “Baquita mineira”!

A analfabeta beata, no Rio das Mortes, nasceu.

Ao rezar o terço, seu ofício sagrado, junta o ouro,

Alforria negros sofridos, sangrados pelo couro,

Após isso, vai-se para Baependi, onde faleceu.

O povo tinha por ela admiração e alto conceito!

Fez a fraterna opção pelos pobres e marginalizados,

Viajava horas a fio, entre vilas, fazendas e roçados.

Peregrina, amada, apostou na vida sem preconceito.

Amou como Jesus e sabia que, diante de Deus,

Não há escravos, apenas filhos queridos e livres,

Invocava Maria e o próximo como filhos seus.

67. OS MUROS DE PEDRA (p. 58)

Aos que conservam os muros de pedra em Minas Gerais!

Aos que não vivem de muros entre irmãos.

“Minas, são muitas!

Porém, poucos são aqueles que conhecem as mil faces das Gerais.” Guimarães Rosa

São João, Tiradentes, Resende Costa e região:

muros descem e sobem as serras...

Que nostalgia é o negrume dos muros de pedra!

Que sobem e descem os morros de Tiradentes.

Que história oculta os seculares limites diferentes?

Que negro aqui trabalhou e sua presença ainda medra?

Caiu o muro de Berlim, mas esses muros não!

Canta o vento entre seus furos, crescem musgos,

Calangos e cascavéis entre pedras e o chão,

Calaram-se os escravos, não seus traços, visgos e rasgos.

Miscigenaram-se povos em muros entre fazendas e estradas,

Mineiras vertentes: Resende Costa, Ritápolis, Coroas e Prados,

Mineral água das serras e Minha Gente em fronteiras marcadas,

Mantiveram-se nomes e os registros de terras e terrenos arados.

68. A OBRA COMO DESEJO E (ARTE) FATO

Aos artistas de todo gênero e alcance social.

À multiarte que não se deixa capturar pela análise.

Ele está dentro!

Antes era uma folha branca convidativa:

Os primeiros traços vieram à tona.

Vai desenvolvendo como um embrião,

Na dinâmica da vida era só:

Desejo e sonho,

Utopia e perspectiva,

Ideal e semente,

Era só ele e eu,

Um nada e um ser.

Quem sabe?

Assim vi a barriga da obra avantajar-se:

Um pé ou uma mãozinha desvencilhar-se de mim

No ultrassom da imaginação, nos Raios-X da projeção...

Agora quer nascer e aparecer.

O parto de cada obra é único como um filho!

A Cesária de uma nova criança.

Mas, sua gestão pode durar a vida inteira;

Outro então parir...

Para alguns o tempo é longo e doloroso;

Para outros, é breve e rápido.

Desde que nasci, persigo esta Paideia:

A formação integral, heurística, gestáltika,

adâmica, do escritor-leitor,

Que não tem fim: uma obra dialoga com outros e provoca outras tantas...

O fim está no escritor?

O alvo no leitor?

E não na sua obra? E a obra fica eterna quando o escritor evaporou?

Que perdura

Para sempre, se possível for!

O suficiente para alentar utopias

E responder desafios e ampliar horizontes.

69. FUTURO DO MUNDO

Ao Augusto Cury e sua obra genial sobre a Inteligência de Jesus: O futuro da humanidade: a saga de Marco Polo.

Aos que sonham e lutam por um mundo ético e melhor, menos desigual, mais fraterno.

Mais sustentável, mais ecologicamente disponibilizado. Mais verde e mais lugar para todos: todos nós e os animais.

Menos corrupto e mais saudavelmente administrado para o bem dos povos.

Corri dias... Chorei noites...

Busquei gente justa entre lampiões e esquinas.

Pensar sobre o futuro deste planeta azul e único... é urgente!

Estamos maltratando a vida por causa da ganância.

Esquecemos de colocar em dia nossa lição de casa.

A Terra é a nossa única morada! Nossa mãe, Gaia, nave arredondada espacial...

Parecia coisa de louco e esfaimado.

A epopeia cede à tragédia, rimos de nossa comédia.

O drama de vidas sem água, fome, guerras, racismos, corrupção, terrorismo,

Campos de refugiados, poluição, morte de peixes e baleias, quase fim da Amazônia...

Ruía o chão aos pés como um terremoto.

Sumia a presunção de um onipotente, bicho homem.

Novas portas se abrirão?

A realidade tão dura cederá aos desejos de paz?

Nunca se falou tanto da ecologia

E, no entanto, a vida é por de mais fugidia.

Como gestor da cultura da paz, da vida e do verde,

Desejo que pratiquemos

Tudo de bom

De que o planeta precisa

E a vida insiste

Teimosa em continuar,

Ternuroso em nos dar o alimento

E nos acolher na hora da morte. Amém.

70. POR FALAR EM PÁSSAROS (p. 60)

Aos meus amigos e conhecidos: meu voto de paz e reconhecimento.

Ao Sandim, Norma; Bezico e Tia Ceda; Roberto Matiolli e Luiza; Dona Belina; Cida Trindade, Célia e Neném; André Bortolazzo e a mãe Vera; Pe. Eduardo Benes e Irmãs do Seminário; Medina, Pimentinha, Lourdes; catequista Camélia; Pe. Teixeira; Dom Mesquita; tantos outros.

“Um amigo fiel é um poderoso refúgio, quem o descobriu, descobriu um tesouro.” (Eclesiástico 6,14).

Caminho feliz e sozinho pelo campo

Entre as trilhas do gado e homens

Quase tampadas pelo capim a crescer

Parei e vi, admirei e senti

Pequenas florezinhas entre ramos e arrames;

Algumas avezinhas inquietas a emitir seus singelos tios,

Destacavam das flores singulares cores e estames.

Creio ser assim os amigos entre tantos;

Alguns nos marcam tanto.

71. DIFERENTE PRESENTE (p. 60)

A todos os avós, nossa veneração e amor pela história e memória vivida e construída!

Ao respeito aos idosos, aos que envelhecem como direito de viver e conviver.

Na cadeira de balanço, vovó via um retrato.

Talvez saudade de um instante do passado.

Seu olhar, às vezes, ao longe fixava um ponto.

Eram momentos de meditação e recordação.

De repente, seu neto invadiu sua privacidade.

E tão depressa diluíram todas aquelas imagens.

Trouxe-lhe uma surpresa, um abraço e um presente.

Vendo a vovó tão sozinha naquele cantinho,

Disse coisas que só as crianças sabem dizer:

- Vovó, é tão bom ter você comigo,

É tão bom ter avó como você.

Só sei que pedirei a Deus para você

Também um avô.

72. HOJE CHOREI

Pela minha e nossa conversão.

Fim da corrupção e terrorismo, racismo.

Já à demarcação das terras indígenas e dos quilombolas.

Estava na fila da Loteria

Meu coração se inquietou

Com coisas da vida

Pensava na frágil existência

Chorava por não ter amado tanto

Chorava por ter tudo e não ser nada

Chorava por acreditar no amor

E amava tão pouco...

Vi-me como mendigo da vida

Errante caminheiro desta estrada

Pareço mais uma criança nascida

Para tudo de novo aprender

Para viver é mais eu ver,

É sentir muito mais, é maravilhar-se

Com cada coisa, com cada ser,

Com cada anoitecer, com cada flor e sofrer...

73. AFRESCO E (CON/PRÉ) TEXTO

Aos que se dedicaram a essa obra.

Em especial

Ao meu pai Sebastião Pereira, in memoriam,

À minha mãe Maria das Mercês Nascimento Pereira, 80 anos,

Á minha esposa Maria do Carmo Trindade, meu amor imortal,

Ao meu doce e amado Filho Lucas Trindade Pereira,

Aos meus sobrinhos Paulo Augusto, arquiteto, Letícia, linda!

Ao poeta Sebastião Bemfica Milagre, in memória,

Ao Prof. Antônio Esteves de Faria, meu amigo,

Ao Prof. Adércio Simões Franco, esportista e nadador,

Dr. Simão Salomé de Oliveira (in memoriam),

À Maria do Carmo Mendes, pelo arquivo do escritor Sebastião B. Milagre,

Ao Carlos Antônio Lopes Corrêa pelos arquivos partilhados de sua pesquisa,

À Adélia Prado, poeta,

À Maria Inês e João Madeira professores, CAIC,

À Vera Lucia S. Prado,

Ao músico Walter G. Caetano,

Ao prof. Luciano dos Santos, contista,

Ao Poeta João Carlos Ramos,

Ao Faber C. Barbosa,

Ao Jadir Vilela de Souza, poeta e sonetista,

Maria Aparecida Nogueira, in memoriam, declamadora em excelência,

Ao Augusto Fidelis

Aos Irmãos do Supermerado Josildo!

A todos meus professores desde o primário,

Universidades, lato-sensu, stritu sensu...

Aos amigos e professores do Seminário de Juiz de Fora.

Ao Sandim e Norma, Uberaba, MG,

Ao Roberto Matiolli e Luiza, São Pedro, SP,

Ao André Bortolezzo Correr, Piracicaba, SP.

AFRESCO E (CON/PRÉ) TEXTO

Os cristãos tinham seus afrescos e a Renascença fez jus a essa arte.

Nada tem sentido sem seu contexto.

Em cada texto, um contexto e um pré-texto.

São joias e alegrias preciosas a rolar dos artistas

E dos olhos de quantos contemplam a obra.

São palavras dadivosas a brotar do poeta

Qual minas vindas das profundezas dos oceanos e mares,

São minérios raros oriundos das cavernas

Qual água do deserto e das montanhas

Na minha poesia, tento pintar a palavra

Nas telas do coração da existência

Gravadas de cores da imaginação

Como o artista deseja dar cor à pintura

Monto meu afresco e mosaico

De estilos, formas e sentidos

Comovo-me vendo ventos a sobrar

E a brisa a tocar meu corpo todo.

À minha volta são êxtases e melodias,

Arquiteturas siderais, decorações cósmicas

Engenharias interiores iniludíveis

De uma tradição e evolução de um povo

A caminho de um sentido da história

Busca de memórias e compreender lacunas

Que vem a nos convidar novamente

À festa da vida diante das mortes

E das sutilezas do texto, contexto, do pretexto.

74. SENTIDOS À DERIVA

Aos filósofos que buscam a Verdade e a Vida;

Aos que buscam a Deus: fonte de vida e amor.

Aos que passam por crises!

Aos que estão em luto, fora de suas terras e países,

Aos que estão em depressão e ansiedade.

Aos refugiados, migrantes e atormentados...

Noite adentro, sofro de insônia.

Dias inteiros somo sono e divisas.

São devaneios a mexer com meu coração,

São horas de insistente busca de emoção,

Delírio e choro, risos e recordações.

Cinzas e ressentimentos, medos e ilusões.

São saídas de um andarilho do tempo.

Andarilho dos sentidos em ebulição.

Parece uma adolescência sem fim.

Mistura de velhice e desejo corroendo em mim,

De argumentos cortando de muitos sentidos,

75. TELHADO DE VIDRO, de J B Pereira.

Concurso nacional pela Vivara Editora Nacional (20.01.2013)

atendimento@concursonovospoetas.com.br

POESIA LIVRE: CONCURSO NACIONAL NOVOS POETAS, ANTOLOGIA POÉTICA, Vivara, 2013. p. 164-5.

Não jogues pedra, meu filho,

Pois podes precisar de teu vizinho

Nas horas avançadas da noite;

Mesmo se ele não for como tu

E se ponto de vista acabrunhado

O irritar deveras e/ou por um instante.

Não tires pedra, minha filha,

Se tua colega se afastar de ti,

E comparar os vestidos e/ou

Alguma tecnologia se parecer

Melhor que a que dominas:

Hoje até as meninas brigam

Feio pelos meninos nem sempre

Aos nossos olhos, tão honestos

Ou dignos de amor... Mas, os acham

Tais e tais; isso a incomoda deveras.

Não lances a pedra de sua irritação

Diante da pregação de alguns pastores e padres,

Se não lhe pareçam tão profundas e santas;

Ninguém é santo e bom o suficiente,

senão o próprio Deus, cujo Filho penderam

à cruz, sinal de paradoxo e libertação.

Não emitas uma pedra ao telhado de vidro

Teu e de teu irmão e tua amiga e teus pais,

Teus educadores, se não for apenas para dizer

Que você se acha superior e atrair a atenção:

“Quem não tiver pecado atire a pedra, então...”

Das pedras, atiradas, poucas atingiram

O alvo: caíram ao chão como brasas – sinal de hipocrisia;

Covardia e egoísmo: Nem mesmo, uma só pedra

da parede permaneceu em pé..

Observe silente e cauteloso, filhos,

O alicerce está ocultado na terra,

Mas sustém o prédio e a casa que vemos:

Cultiva a paciência, deixe a Deus o julgamento,

Não és o dono da verdade e nem o juízo do mundo.

76. OBRÓIDE

À origem da vida!

Óvulo

Ovo

Voto

Modo

Mola

Lona

malus

Latus

Strictus

Sensu

Rogo

Golo

Lobo

Galo VIDA Bolo

Dolo

Lodo

Tolo

Lotus

Demus

Mudo

Doro

Rubro

Brotus

Natus

Tudo

Burlo

Turvo

Moro

Rotus

Novo

Rolo

Una

Uma

Onda

Dado

Amo

Domus

Olé

Ledo

Ouro

anima

Vita est!

77. Ó MEU BOM JOSÉ, MINHA GRATIDÃO! (p. 63)

Ao meu santo onomástico, padroeiro da Igreja, HOMEM JUSTO.

Ao Papa Francisco, que reintroduziu na liturgia a invocação obrigatória do santo após o nome da Virgem Maria: São José, esposo da Virgem.

Pela cura de meu filho!

Pelas bênçãos ao meu lar.

Aos meus patrocinadores: SEMC, LEI DE INCENTIVO À CULTURA, SERFOR, ATALIBA LABO, JOSILDO, CRESCER-PODIUM, SLEP, DROGARIA BOM PASTOR, dentre outros.

Ao Deus Unidade e Trindade, agradeço,

Ao Nome Sublime e Puro de Jesus, louvor,

Peço proteção ao Justo José, meu protetor,

Estes poemas, à Sagrada Família, ofereço.

Se todo empecilho enfrenta, “Idea José”;

Eis o conselho sábio que dá as Escrituras.

José enxerga além do torto o direito de Javé,

José penetra os sonhos quais sinais das Alturas.

Já o Novo Testamento tem a história de outro José,

Filho de Davi, o qual assumirá o Jesus menino,

As Letras Sagradas contam-nos a narrativa de fé,

O Homem Justo sonha, adota o próprio Divino.

E a Igreja nos recomenda esta linda devoção,

O terço das dores e alegrias de Pai Terreno,

Onde se reza sua vida e seu trabalho sereno,

Contentes, imitemos seu exemplo, de oração.

Dores e Alegrias são momentos análogos,

Aos pés da Cruz, São José não estava.

Morrera antes, depois de uma longa estrada.

Deduzidos de silêncios e avanços amargos.

Se o antigo povo tinha José qual referência,

Por ser honesto e temente ao todo Poderoso,

Recorde o Justo amando Jesus, Filho Bondoso,

O Novo Povo de Deus pede hoje sua diligência.

Não abandona o povo, nem Maria e Cristo,

O Anjo o ilumina no mistério da Encarnação,

O Carpinteiro prepara o Filho a sofrer todo risco,

Ser amparo, força e defesa do povo na opressão.

A inefável Providência digna conceder

A todos, São José, Intercessor junto a Deus,

Aquele que, na Terra, vive fiel aos seus,

Ensine-nos o bem e, ao Eterno Bem, merecer.

___________________

BIBLIOGRAFIA

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A_DISSERTACAO_de_JOSE_JOAO_BOSCO_PEREIRA.pdf

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI PROGRAMA DE MESTRADO EM LETRAS JOSÉ JOÃO BOSCO PEREIRA SEBASTIÃO BEMFICA MILAGRE: UM LÍRICO DA MODERNIDADE EM DIVINÓPOLIS São João del-Rei, MG 2011. Disponível em: <http://www.ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/mestletras/A_DISSERTACAO_de_JOSE_JOAO_BOSCO_PEREIRA.pdf>. Acesso em: 22.07.2017.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem e estrela da manhã. Nova Fronteira, 1995.

BESSA, Pedro Pires, Sebastião Bemfica Miligre, O poeta de Divinópolis. Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, 2003, 156 p.

ESPÍNDOLA, Húdson. Cicatrizes do cotidiano. Uberaba, Editora Vitória, 1991.

FARIA, Antônio Esteves de. Pequena História de um Grande Amor. Divinópolis: Novo Rumo, 2005. 130 p.

FUNREI, VERTENTES, São João del-Rei: UFSJ, tipografia Assunção, 1989, Série 1., 89 p. (ciclo de Estudos – poema de Modesto de Paiva).

JORNAL AGORA. Ao poeta Sebastião Bemfica. J B Pereira. Editorial. 23 de set.2004., p. 02.

LELOTTE, F. Convertidos do século XX. Rio de Janeiro, Agir, 1966.

LEMINSKI, Paulo. Distraídos venceremos. Brasiliense, 1995.

LUCAS, Fábio. Poesia e prosa no Brasil. Belo Horizonte, Interlivros, 1976.

MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. Nova Fronteira, 1989.

PRADO, Adélia. Poesia reunida. Siciliano. 1991.

PICHIO, Luciana Stegagno. Os melhores poemas de Murilo Mendes. São Paulo: Global, 1997.

POESIA LIVRE: CONCURSO NACIONAL NOVOS POETAS - ANTOLOGIA POÉTICA, Vivara, 2013. p. 164-5.

PEREIRA, José J. Bosco Pereira. MOMENTOS POÉTICOS. In.:Recanto das Letras. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br>. Acesso em 22.07.2017.

REIS, Mauro N. dos. A corda: poemas. São João del-Rei: Funrei-UFSJ, 1992.

SANTOS, Luciano José dos et al. Colcha de retalhos. Divinópolis: Gráfica Sidil, 2001.

SOBRINHO, Antônio Gaio. No jardim da ilusão: São João del-Rei. Esdeva Gráfica de Juiz de Fora, 1994.

VIEGAS, Celina Amélia de Rezende. Poemas. Zás Gráfica de Juiz de Fora. 1989.

DADOS DO AUTOR E DA OBRA

“Sou um peregrino” na história (Santo Agostinho), e a poesia é minha companheira de trilhas infinitas! De momentos em memórias, fiz da vida poesis.

Querido(a) leitor(a), aqui está meu primeiro livro de memórias a partir de alguns rascunhos e anotações de meus pais. Espero que goste e aproveite-o. Reflexão sobre o cotidiano, o amor, pessoas e cenários que se fluíram no tempo. A fé perpassa dificuldades. Nós nos construímos em nossas opções, pois “sou eu e minhas circunstancias” como afirmava Ortega y Gasset. Não estamos prontos, vamo-nos gestando aos poucos na travessia em nossos Sertões e veredas na afirmação de Guimarães Rosa.

Aludo-me à memória do Amistat, filme em que se declara:

- “Sou a razão de eles terem existido”. As culturas e as famílias constituem um legado iniludível cujos traços estão em cada geração. MOMENTOS POÉTICOS é uma tentativa de preservar esses traços e visualizar valores das Minas Gerais. Onde houver pessoas e simplicidade, a sabedoria estará presente. Há sonetos que exultam a vida, a cidade, o passado, culturas locais e acesso ao saber e aos livros.

O presente opúsculo é oferecido de coração às pessoas e às culturas das Regiões do Sul de Minas, das Vertentes e do Centro-Oeste e Triângulo Mineiros, nas quais contemplamos Alfenas, São João del-Rei e Divinópolis, MG.

Deliciamo-nos com seu povo, saberes, religiosidade, geografia, cantigas, mística, bibliotecas, tradições, dentre outras condições culturais. Mergulhar nos umbrais da vida e da eternidade, sentir os tesouros da vivência transeunte, a fé do sertanejo e as impressões da mineiridade na alma e no corpo da nossa gente é deixar-se encantar pelos momentos poéticos de uma prece:

Senhor, concede-nos

Ser belos interiormente,

E o que venhamos ter,

Esteja em harmonia

Com a tua sabedoria e utopia! J B Pereira

_________________________________

ORAÇÃO PELA CANONIZAÇÃO DO BEATO DUNS SCOTO

J B Pereira – portal Recanto das Letras. 07/12/2014.

O Deus de eterno Amor, que escolhestes Duns Scoto para defender as verdades sobre a Imaculada Conceição de Maria, nos vó-lo suplicamos que Scoto seja elevado à glória dos altares como amor e fidelidade à Igreja e veneração sincera a Virgem Imaculada. Com ele, reconhecemos nosso Salvador nascido de Maria de tal modo que Deus permaneça no centro de nossas vidas e que tenhamos santo respeito à Igreja e à Virgem Maria. Amém.

Reze um Pai-Nosso, uma Ave-Maria, um Glória ao Pai.

Beato Duns Scoto, rogai por nós para que sejamos dignos das Promessas de Cristo.

Tudo por Jesus, nada sem Maria. Nada sem Maria, tudo por Jesus. Amém.

https://www.youtube.com/watch?v=SZb1vjrcJZM

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Tempero verde - poesia culinária

Tempero verde

Vede o tempero

tempero a minha vida

em uma culinária interior

de alto sabor

de nutricional valor;

o bem-estar sinto

e estar-bem comigo

é como um absinto...

Os convivas e passantes

vários errantes

e outros acertantes

caminhantes de errância intrépida

como eu, peregrino do Absoluto,

e com os outros - sou eu outro para o outro;

viajo nos sabores

e saberes de várias culturas

de hortas, hortaliças, hortigranjeiros

de performance doméstica

de gente simples

de gente de sentidos aguçados

de gente sábia

sabendo o sabor de saberes regionais, transcendentais, meridionais,

setentrionais, tropicais,

incluindo Tristes Trópicos, cru cozido;

tendo comigo à escrivaninha,

não entre números - ainda que apareçam e sejam importantes,

eis o fascínio, sim, que sinto pelas imagens e imaginário coletivo: mitos, ritos, híbridos de ontem e de hoje...

Os Selvagens, Evanoé, Moby Dick, Quo Vades,

ainda uma estante inteira de miragens

entre Dostoiévski e Cervantes,

Machado, Pessoa, T. Mann,

Da Divina Comédia ao Mário Quintana,

nas Quintas da Boa Vista,

vendo o deslocamento de Villas-Boas,

a coragem aventureira de Robson Crusoé,

ou viagens de Guliver ou Rondon

entre pisadas ligeiras das Amazonas,

as Cereias encantando a tripulação de Ulisses,

assistindo filmes e tendo a imaginação de professor

entre aulas e janelas

entre orelhas das noites acordadas em leituras

amargas ou prazerosas

desta quinzena de minha vida,

e o fundo musical

secreto e subjetivante

deixa-me em delírio num instante,

são viagens musicais

de Bethoven e Verdi,

Bach, Twkovsky,

leio versos fragmentários em vários cenários

desde os clássicos e modernos,

viajo sem sair da tela do computador

elaboro sentimento e teço emoções,

revisito paixões e corre quem sabe uma lágrima

ligeira e teimosa nas horas mortas,

de Jadir Vilela, Sebastião Bemfica Milagre,

Adélia Prado, Cecília Meireles,

Lygia Faguntes Teles...

A noite esvai-se

e, de repente, a aurora se anuncia,

o galo canta ao longe,

e a vida inquieta, vez por outra,

a cada minuto, esperta e crescente se impõe

com o astro rei,

exigindo sua orquestra luminescente,

empalidecendo ou fazendo dormir deste lado,

as estrelas de vários matizes,

enquanto minha estrela brilha aqui dentro

na noite de minha alma.

Meu interior não para e as paragens

fazem ruídos de folhas que passam no livro da vida divina...

20/09/2012

Código do texto: T3892324

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Paradoxais poemas de um poeta em Piracicaba (2013)

Jesis alguns CLERIHEWS:

Meu filho, não retrucas

Tu és como nuncas

aqui, em meu ser, o coração

tem muita comoção.

Benjamim Frankhin,

viajou até Furklin,

Mil raios parou em invenção

pois estudos eletros em ação.

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LABIRINTO DE NÓS MESMOS

Não inquietes

por um instante

ao paradoxo errante...

Não ocorre em vão...

de que o colosso queda-se?

No colossal abismo a abismar-se

indaga a voz interior: "de onde viste

saírem vozes outras, não uníssonas?

Ficam-nos aladas

formas, algumas

esquecidas, outras,

porém, invadem

nossos sonhos

em brasas,

outras vias,

em cinzas,

resvalem

premissas

crispas

interiores

talvez,

nesses olhos

a expressarem...

Não te inquietes

Porque "mira a la luz

de frente

y las sombras

quedaram a tus espaldas".

(Pensar em Idel Becker, Manual de Espanhol. Nobel, SP.)

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O PESO-LEVE DE CADA DIA

Só nada sei de que sei algo um pouco mais... nada à vaidade!

Que paradoxao

Paradoxal

é distinguir

o método

disciplinar

e o transdisciplinar;

ter esta ambiguidade;

ter limite para aprender

e ir além de limites

para inventar e superar-se

nas ciências, esportes, artes

e ir além de si!

E das duas alcançar

a interdisciplinaridade:

o diálogo entre os saberes.

Mas, como dialogar

se não sei

se não sei algum saber?

É preciso ter sabor

e pensar o pensado

sem que alguém pensar por mim

e viver para humanizarmos

como "pequenos candidatos

à humanidade"

(Hanna Arendt, 1906-1975)

nas humanidades

nas exatas

nas biomédicas

nas tecnológicas novas eras

nas espaciais ciências

com ética, ousadia e criatividade,

vivendo o instante presente drummondiano

preguiçosamente marioandradiano

chupando caquis adeliapradiano

doando sangue milagreano

vivendo o milagre, o silêncio marioquintano:

"Tão bom viver dia a dia...

A vida, assim, jamais cansa..."

(Antologia poética de Mario Quintana, 2004, p. 22,

de Walmir Ayala (org.).

Enviado por J B Pereira em 03/07/2013

Código do texto: T4370905

Classificação de conteúdo: seguro

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Ser diferente - J B Pereira - 19/04/2016

Nada se iguala a ti

Deus te fez diferente

E tu não te aceitas a ti

E sofres a cada instante.

Agora vives a correr

E a cada dia a te avaliares

E a um canto a ver seu viver

Quando estranhos ares

Mas, és único e te vais

Indo e vindo em mares

Mais a cada luar os ais

Tens alento em calares

E o coração em ti

Inquieto busca

Resposta por ti

E a vida se frustra

Pois se a fé podes

Recorrer, sentirias

A voz interior dizeres

Vale liras e joias.

Pois por ti no madeiro

Me fez ferida aberta

E espero que certeiro

Vejas tua morada certa

Não apenas por ti

Troquei reinos e terras

Ofereci joias e ouro em ti

Por saber que sobes serras

Ao meu encontro na cruz

Sem a qual não há redenção

E o amor é a chave da luz

Pois sabes que sou ressurreição.

20/04/2016

Código do texto: T5610399

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O PEREGRINO E FRAGILIDADES

Viajara em ternura com tom sideral;

Queria vida em traços: nova esperança.

Para cada um tinha um verso visceral,

Mergulhou no anverso: vencer a arrogância.

Viu-se fragilizado: saiu do funeral

De pessoas que lembrara pela sua existência;

O povo a lutar pelo sentido quimeral;

O poder a apostar em dons de prevalência.

Dias tristes, meditara entre dois abismos:

Noites a perder para ganhar o dinheiro

E, no coração, fez vários malabarismos.

Descobrira da vida seu corpo ligeiro;

Prazer e dor em ritmo de paradoxismos;

Ninguém é, pois, igual pelo mundo inteiro.

23/01/2013

Código do texto: T4062402

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Crise do poder, de José João Bosco Pereira

http://www.viafanzine.jor.br/poemas.htm

Encruzilhadas

interesses subterrâneos.

Em nome de quem?

Para quê?

Sou apenas visionário!

Um homem com visão de futuro!

Como sofro por saber demais...

Não me enquadro neste cenário...

Estou como contramão.

Olhos de atalaia,

há tanta panaceia.

Não se confundem

liderar e chefiar.

Os olhares estreitam

e jogam nos meus ombros culpas

apenas sou um cidadão

que paga impostos

os direitos estão sofrendo cortes

Querem um salvador da pátria

Se fracassarem,

meus Deus, os lideres vão ser culpados.

Onde estão eles?

A ditadura os abortou!

E vejo jovens - muitos - alienados,

não sabem sobre políticas...

Fanatizados estão com mulheres e futebol.

Idolatrias mil,

enquanto poucos têm tudo,

muitos nada têm.

Enquanto, jogadores e políticos ganham fortunas,

meu caro, confidente,

crianças se drogam e portam já

armas a mão!

Eu choro e lamento - que crise!

Ficaremos a olhar, sem nada fazer?

11/05/2013

Código do texto: T4285969

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Prove a você mesmo!

Todo mundo

É bom.

Ou quase bom

Se não sofresse

Do pecado original.

E dizem

Que eu devo ser original

No capitalismo

Ocidental.

No nosso cristianismo

Superficial.

Todo mundo

É quase mal

Ou mal

Ou bem mal

Até que prove o contrário.

E a estrada de mão dupla

Nos insufla

A perseguir quem somos

E para onde vamos

Para cem-centimetros

Do campo santo.

Todo mundo e ninguém

Nos reduz e seduz

Muitos de vida dupla

E moral dúbia

São assim

Até que prove o contrário

31/01/2012

Código do texto: T3473523

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TAMBÉM HÃO DE ME SUPORTAR – 30/08/08

Homenagem a Sebastião Bemfica Milagre – poeta mineiro.

Passei a minha imagem

Deixei aqui e ali uma miragem

A todos ficou minha mensagem.

Fui humano demais

Não sabia da virtude

O meu limite.

Então, vi-me entregue

A mim mesmo.

Ao meu canto, só e silente

E perdoei.

Mas agora aqui

Vem à memória

Traços desta vida

Percorri

Tive pena de animais e gente.

“Tive raiva de muita gente.” (Milagre)

Cai na rede do passarinheiro

Ergui prece a Deus primeiro

Denunciei o contraditório

Paguei pelas noites sem sono

Com medo de meu paradeiro.

E todos me suportaram

Suportaram meus defeitos

Riram de minha atividade

Torceram pela minha fatalidade

E eu dei a volta por cima.

Ah, essa tendinite

Olho o crucificado

Aqui deitado

De repente, a dor

No ombro esquerdo.

Eu lerdo e quieto

Vejo o mundo

Vejo o dolorido

Esfrego os olhos

Turvos

Indignado

Com a falta de ética

Com os que tanto lutam

Pelo de cada dia

Sem que eles consigam

O valor que merecem

Na hipócrita sociedade.

Estou, aos poucos, aqui

Crucificado. Olho para meu

Mestre–servo. Eu sou bicho da terra.

De ignota floresta.

Agora, deixei a pomba no céu.

Ferida, ela está na sombra do chão.

19/02/2012

Código do texto: T3508764

Classificação de conteúdo: seguro

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Eu legado

Dedico meu nome

à vida,

ao coletivo,

ao meu viver;

quando morrer,

ele será uma lápide.

Já sou papel,

tenho um papel social;

no meu arquivo,

guardei memórias e documentos,

certificados e diplomas,

fotos e imagens...

Quando nasci

são José

apareceu

meu nome

o registrou

porque meu pai

assim

o quis.

E hoje

meu caminho

me diz:

- seja forte, virtuoso,

corajoso, viva seu projeto.

Sou legado,

resignado,

hesito,

inconstante,

tantos caminhos

e buscas...

Quero ser reconhecido,

trago em minha carne e na mente

na alma um coração ardente

inquieto espírito

de peregrino,

sem pátria,

estranho a si mesmo...

Construo a mim

pois não estou

ainda pronto...

Vou me constituindo

resistindo,

sonhando,

sorrindo de mim

e para mim...

enquanto vivo e sobrevivo.

Tenho a esperança

que minha poesia

leve meu ideal a você

ajudando a ser

melhor

e mais feliz

questionando

os que os outros

lhe dizem

e o que você diz

aos outros...

Herdei de muitos,

são várias as vozes

umas suaves,

outras atrozes;

lembra meu pai

e seus livros na estante

e ele lendo como

um cavaleiro errante

histórias mil

e aqui tenho um volume

Eu e outras poesias,

velho livro do poeta da morte:

Augusto dos Anjos, de 1946.

Editora Bedeschi, Rio de Janeiro.

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http://hebraico-facil.blogspot.com.br/2011/03/seu-nome-em-hebraico.html

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Joseph: Significa Deus acrescenta e indica uma pessoa sensível, confiante e generosa, que sofre com os problemas alheios. É muito conciliador e conserva o autocontrole mesmo nas piores situações. (hebraico) Yoseph, aquele que acrescenta. http://www.portalbrasil.net/nomes/j.htm

http://www.portalbrasil.net/nomes/j.htm

08/09/2012

Código do texto: T3872307

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HIPOCRISIA

Hoje sinto o que sentias

Quando as coisas são arranjadas

E você, fora.

São coisas que lá dentro

Ficam estranhas.

E mexem co nossas entranhas.

E respiro fundo

E junto de mim

Mantenho o silêncio

E observo os homens e os filhos dos homens,

Como ficam nos arranjos

E querem ser atores

E não frios objetos

Deste sistema hipócrita.

13/02/2012 - Código do texto: T3496318

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Mundo: mar de Palavras, J B Pereira

Vejo rios

rios de todo jeito

e a dor nesse meu peito

de saber que

não sou super, nem o deus Atlas,

apenas de per si

um poeta

a nadar nas palavras

entre imagens e atrozes/ dor traz

e duras lavras

garimpando a própria vida

em suas idas

e vindas

pelo mundo

afora

e dentro de mim.

24/01/2012

Código do texto: T3458352

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A TORMENTA EXISTENCIAL José João Bosco Pereira – 03/07/07

FINCA O PÉ NA POESIA

Aqui está o poeta

Nada o faz perfeito.

Vê o mundo e seu defeito.

Por um triz

Quis ser feliz.

Nada o prende,

Nada o satisfaz,

De nada desfaz,

Nem de si e de sua gente.

Quer apenas amor e paz.

Quer flanar um pouquinho:

Os ouvidos se fecharam de repente.

Quer olhar nos olhos os filhos dos homens,

Quer conversar com quem passa.

Ele também passa!

CUIDADO

Que pirâmide horrível!

Que sociedade hipócrita!

Que desencanto meu ver

Enquanto bela a vida,

Decepciona-me

O bicho homem.

Prudência de atos e falas

Teus atos e talentos guardas.

Teus pés andam entre invejas

E, em cada curva do caminho, levas

Oculto teu brilho e as sombras.

Vejas que obscurecem teu caminho!

A mediocridade, agora te importuna.

O CEMITÉRIO DA CIDADE – 03/07/08

Até no cemitério há desigualdades.

Veja estas lápides e epitáfios!

Veja os túmulos em destaque,

Enquanto outros pobres e esquecidos arrastam chão.

Todos pedintes de oração.

Sacudo os pés e a poenta terra

Mancham meu sapato e calça.

Somos todos o enfado

E da vida que criamos

A cidade – cheia de arranha-túmulos

Quais pirâmides e bolsões de miséria.

Estamos fartos de tudo

Deslizamos os olhos a todo lado

Vimos que há também aqui nosso lodo.

Abaixo, temos o cuidado

De não escalar e espoliar os pequenos

Enquanto bajulamos os grandes e ricos

Com falso elogio cúmplice.

Pedofilia

O sorriso infante

Não mais existe naquele rosto maroto.

Está impune o brutal infame,

Arremeteu-se tosco

No berço em traços rotos.

Roubou-lhes a inocência

Para seu prazer doentio

Que tritura ao colo a flor linda do pântano.

Encharcam-se de cúmplices infernal

Que espezinha as vítimas silenciadas

Nas calçadas, favelas, campos e mansões...

Do fel, a meninada bebe a gota perfurante

Perfuradora, petulante e impertinente...

Até quando tais lobos foram o apetite inclemente?

Até quanto e quando?

Mas o maligno se alegra

Não se objeta

No mal que se enlameia sua pérfida gentalha:

- Ó Deus, ouve esse lamentos de seus filhos inocentes...

- Melhor, jogar-te ao mar em tua nódoa de pedofilia que inteiro queimar em outro lugar.

JOÃO-DE-BARRO – 03/07/08

O que foi contigo?

Não tens ainda tua casa?

E os grandes aproveitaram-se

Do status e cada qual rumo adentro tomou

Na vida e na fama.

Estás só, ao léu?

Abras o teu véu,

Obras o teu céu.

Vês que inda há galhos,

Deus ao pó fez o barro,

Mistura fina e perfeita de uma forma que não se repete

Nunca mais para te criar...

No entanto, sofres o nosso abandono.

Talvez, um dia, meu João,

Tua tão sonhada carne alce vôo

E tua morada se faça em outro patamar.

ESPINHOS DA CARNE – 25 /07/08

“Livra-me destes espinhos em minha carne, Senhor” (São Paulo)

Quando nasceste, mundo, com espinhos,

Tiveste e foste ser feliz na vida.

Aprendeste driblar muitos diabinhos,

Vias brilho-saudade na partida.

O tempo jeito com anjinhos,

Corrosivo devir desta saída.

Suspiras, com anelos, por beijinhos,

Fingindo responder, mesmo ferida.

Procuras meios de não te contaminares

E desejavas-te verdade logo,

Tédio, com teu medo, contra a paz.

Rezas, buscas vencer todos os pilares

Caminhas cauteloso diante do fogo,

Tenha calma antes que tua vida jaz.

PIRASSUNUNGA – 25/07/08

Do lindo recanto paulistano

Imigrava seu passado;

Em tradições nativas,

Quando se fixou o lusitano,

Depois, veio o imigrante

E a fé no Senhor dos Aflitos

Pairou nestas paragens.

Ouve-se a ema nas cachoeiras,

Tintilam-se as aves entre laranjeiras.

O convite à oração retoma

A gratidão de seus filhos

Pela luta vencida por mais

Este dia!

Continua a canção das gerações

ao saudar a vocação altiva

De conquistas da terra, do comércio,

Rumo ao progresso a cada ano.

Seu cinturão verde lisonjeia

O avanço das quadras urbanas

Como a esperança gorjeia

O interior das almas tolerantes.

Em cada olhar, brilha o sol poente.

Em cada mão, firma o céu límpido.

Em cada pirassununguense, o porvir certeiro,

Parabéns por ser assim!

A CORUJINHA – 28/07/08

Pequenas, tão necessárias,

Nesta criação,

Camuflas a ponta de moirões

Dos perigos atentos ao gavião

Ou da serpe passarinheira.

Entre os campos e as matas,

Voas discreta e matreira,

Rodopiando certeira

Tua singular cabeça, com lentidão impressionante,

Cujos olhos nos atraem

Por serem perfeitos, amarelos, arregalados

Nas pupilas hiper-hipnotizantes.

E vê mais

Que as nossas aqui.

Escutas o ruído de camundongos

Ou pequenas serpentes e insetos,

São sua saborosa refeição

Diurna, vespertina e noturna.

Com teu pio característico,

Penetras a paisagens

Comunica a outros além

De nossa audição e visão limitadas,

Avisos de fugas sorrateiras e rápidas

Enamora a fêmea cativa

E modestas contrasta com outras aves atrevidas;

Ó MENINO

Não tens ainda no coração

A dor deste desvario do mundo

Inclemente.

Tem-se, já o sofrer das gentes das tardes de luta

Ou os traços no rosto da pisada do trabalho

Da fome

Dos sinais da morte cultural

Revelas tua pobre condição.

Que hás de quereres?

E quem as de te querer?

Se vives no campo ou na cidade

Em um seio de lar, sorrias e chores neste lugar,

Que sonhas agora acontecer

E o que vês sem demora?

Sei que cada menino

És único e impreciso e nem preciso

Dizer-te és múltiplo em rostos desfalecidos e

Desconsertadamente, ainda sorris e caminhas....

Não sei se o progresso te adotou

E teu familiar te enxotou,

Se tens ainda alimento e uma tenda como a minha...

É o homem fez fardo e fado...

O homem despojado e nu frente ao amanhã

Oculto que, em ti, se manifestará.

E o talento ou a dor

Que se construirá

Em ti, ó menino!

OS PEIXES COLORIDOS - 28/07/07

São peixes coloridos da praça

Colorem a vida e os olhos da gente.

É bom limpar a fonte da água

Vejam água não polutas

Sem cigarros e catarros...

São sinais de tempos antigos

E rios límpidos.

Mergulhados em nosso imaginário

E histórias de gente simples e pescadores

Sem rede

Com sede de vencer.

Meu Deus, por que multiplicastes os peixes para o povo,

Enquanto nos desmultiplicamos a vida de lagos e águas?

Que cobardia estranha

Na nossa maré e na frágil nave da vida.

Cuidado, o bicho homem vem aí!

Castelo no Ar

Sonho do meu pomar

Utopias que vou somar

Projetos dispersos do meu lagar,

Artemanhas que não posso delectar

Remédios para meu tédio e mau humor,

Vida-criança aqui: palpitando

Entre-lugar a me incomodar.

MEU RIACHO

Era pequeno, eu me lembro,

À tarde, ao riacho me achegava,

Era este o riacho que alegrava meu coração.

Cheio de peixinhos lindos,

Pedras com cor e cheiro da natureza

A cantiga amiga a embalar meus tempos idos.

Não acreditava que tudo mudaria

No meu mundo que

Abafou o meu riacho,

Este foi o meu tempo,

Hoje maltrato na cidade pelo esgoto

Os seres alados ali desapareceram

E a manhã não é a mesma.

Tudo passou tão rápido como um tufão.

A pedra descorolada e descorada

E o cheio de poluição descomedida

É a crueza da malvadeza

Des-humana.

Este era meu doce riacho,

Ele ficou esquecido na foto amarelecida no armário.

E a minha infância perdida na memória.

GARUPA

A lambreta de meu pai

Era a delicia de minha viagem

À sua garupa amiga.

Na cidade e no campo,

Eu atrás com braços-cipós em arvore altaneira

Crescia em sombra firme.

E o filme segue à emoção,

No fechar de olhos, recordo, feliz,

O vento no rosto, enquanto a manhã desponta lá fora

Como outrora,

E vejo como observador em outros pontos incríveis

A minha história com meu pai,

A paisagem permite na mente que lembra

O que foi à luz do que não sou mais:

A lambreta a conquistar espaços como em um filme

Evocando pedaços do meu passado

De momento inesquecível

E ergo ao céu a oração e o silêncio completa esta sensação de que não estou só

meu pai está indo comigo e eu à sua garupa feliz.

Inverno

Quase tudo azul

Se não fossem estas queimadas.

As práticas e heranças nativas

Persistem

Enquanto o aquecimento da calota polar

Preocupam cientistas e ecologistas

E a fatalidade mortal

Incondicional ronda nossas casas e corpos frágeis e fáceis

Diante das borrascas e repentinas monções

Em partículas noviças, insípidas e invisíveis

Detonam nos sistemas endógenos

E do olho vem uma gota lacrimógica indomável e in-dopável.

De protesto, de denuncia, de desespero ínclito e mudo

Nas manchas não celestiáveis

De veneno antivida a in-vitaminar os pulmões dos tempos

E o céu continua quase e não mais azul.

Tarde com você, meu coração

Não escrevo na madeira da sala

Para não rabisca-la , por ordem sua.

Escrevo na ladeira de seu coração

Sem rabiscar nosso amor fiel.

Não grito palavras torpes ao seu ouvido

Deixo vir aqui meu gemido tonal à sua alma

Não peço contra a etiqueta da ética

Na certeza de que brutalidades e indelicadezas vão nos macular.

Toco as mãos em palma como quem eleva a prece em alma

Nas cordas do amor da harpa da musicalidade do templo divino.

DECEPÇÃO

Alguém me liga

Não quer saber se estou bem

Deixa-se antever pela intriga,

Esqueceu que foi minha amiga.

Não falem mal de mim.

Fiquei sabendo coisas assim...

Quem não deve não teme.

As fofocas quais esporos ao ar

São capazes de matar a verdade

Foram diluídas, rápidas e nefastas.

Não há um só em quem confiar.

Parece que o circo fechou as portas.

Parece que o fogo alastrou-se

E as comportas se ruíram...

Parece que o círculo vicioso

Da maldade completou sua sina e quer ferir

Quem quer que seja...

Querem um bode expiatório, compulsório,

Neste território sem ninguém,

Tiradentes, um tolo confesso, todos se calam em pleno júri e processo.

Cumplicidade e silêncio omisso

Às escondidas armam rede

Para apanhar o justo ainda hoje, sem dó neste arredor.

PROFETA

Eis que a voz grita ainda neste deserto

A pá foi colocado à raiz maldita.

Ele pagará por ser profeta.

Anuncia a verdade crua

E não pensa nas consequências.

Todo profeta infesta o sistema.

Denuncia a corrupção, fica sozinho na contramão.

Ainda que ele seja ele mesmo imperfeito,

Dá ares de perfeição, a preço de quê?

Sra jogado à vulnerabilidade,

Pegou contra nossa sociedade.

Anátema da marginalidade,

Será mal-visto, sem direito e sem passaporte...

Terá ficha suja e réprobo ao exílio, sem fim.

Não terá ninguém pena dele até aqui.

Esse bando de covardes, assim pensam.

Incomodara os grandes, esse pequeno nome.

Desmascara os intermediários,

Inquieta os acomodados presos no gargalo

Que aceitam a perfídia

Do mundo de conluios...

É a cultura da cumplicidade e da omissão.

E muitos ainda justificam: o mundo será sempre assim!

Quem manda ser o tal!

Que ele pague pelo que fez!

Pois quis ser diferente, moralizar, apareceu demais, mais que nós...

Vamos ver se Deus o tira desta

Enrascada em que se meteu.

E Jesus diz: “Também trataram assim, deste modo,

Os profetas antes de vocês.”

A MODERNA SOLIDÃO

As crianças se refugiam

Nos jogos de mídias e computadores,

Adultos se entediam de rotinas e profissões,

Mulheres vão à luta, cansadas, enfeitam-se em salões,

E resolveram estar em fã-clubes,

Fumando, bebendo, até amanhecer...

Tanto quanto homens,

Não importam se grávidas ou não.

Tanta loucura, fofoca, lamúria, violência,

Que alergia contagiante,

Do mundo em alvoroço.

No almoço,

Não há tempo, é preciso,

Ganhar dinheiro,

Deixe para depois, esse assunto de lar, l

Que coisa enfadonha.

Nada de rezar, quero as vitrines da moda,

Não importa quem passa fome lá fora.

Bocas e olhos vorazes empanturam-se de bolos e achocolatados nos natais,

Enquanto milhares não tem casa, emprego, nem natal em seus quintais.

E guloseimas irresistíveis, vamos ficar diabéticos, obesos, hipertensos.

Não aquentando o tédio e a solidão.

Vamos aproveitar e dançar. Ah, ah, ah!….

PALAVRAS MÁGICAS

Quando acordo, vejo mais pais e conhecidos, digo: _ Bom Dia!

Quando preciso de você, digo sereno: : - Por favor, ajude-me!

Quando você me ajuda, digo, então: - Muito obrigado (a).

Quando vejo algo que você tem, eu nada tiro, apenas digo confiante: - Empresta-me, por gentileza?

Quando à mesa quero o prato de legumes e salada, digo: - Passe-me, por obséquio, este prato?

Quando, na rua, cruzo o olhar aos meus amigos, digo logo surpreso: _ Olá, como vai você, meu amigo?

Se chego atrasado, infelizmente, digo cuidadoso, digo assim: - desculpe-me pelo atraso, posso entrar?

Posso ainda dizer tantas outras boas e mágicas palavras aos outros, durante o dia de acordo com as situações mil.

Posso terminar meu dia,

À noite chegando, dizendo assim:

- Boas Noites! Bênção, pai, mãe, obrigado.

- Obrigado, Jesus, hoje caminhei em sua luz!

- Mais um dia findou, amei, vivi e aprendi...

E pergunto ao meu pai, de repente: (29/11/08)

- Você fez tudo?

- Estudo!

Ele disse:

- Quase tudo!

- E estudava Milagre

- Na mesa de jantar.

TAMBÉM HÃO DE ME SUPORTAR – 30/08/08

Passei a minha imagem

Deixei aqui e ali uma miragem

A todos ficou minha mensagem.

Fui humano demais

Não sabia da virtude

O meu limite.

Então, vi-me entregue

A mim mesmo.

Ao meu canto, só e silente

E perdoei.

Mas agora aqui

Vem à memória

Traços desta vida

Percorri

Tive pena de animais e gente.

“Tive raiva de muita gente.” (Milagre)

Cai na rede do passarinheiro

Ergi prece a Deus primeiro

Denunciei o contraditório

Paguei pelas noites sem sono

Com medo de meu paradeiro.

E todos me suportaram

Suportaram meus defeitos

Riram de minha atividade

Torceram pela minha fatalidade

E eu dei a volta por cima.

Ah, essa tendinite

Olho o crucificado

Aqui deitado

De repente, a dor

No ombro esquerdo.

Eu lerdo e quieto

Vejo o mundo

Vejo o dolorido

Esfrego os olhos

Turvos

Indignado

Com a falta de ética

Com os que tanto lutam

Pelo de cada dia

Sem que eles consigam

O valor que merecem

Na hipócrita sociedade.

Estou, aos poucos, aqui

Cruficado. Olho para meu

Mestre –servo. Eu sou bicho da terra.

De ignota floresta.;

Agora, deixei a pomba no céu.

Ferida, ela está na sobra do chão.

Prove o contrário.

Todo mundo

É bom.

Ou quase bom

Se não sofresse

Do pecado original.

E dizem

Que eu devo ser original

No capitalismo

Ocidental.

No nosso cristianismo

Superficial.

Todo mundo

É quase mal

Ou mal

Ou bem mal

Até que prove o contrário.

E a estrada de mão dupla

Nos insufla

A perseguir quem somos

E para onde vamos

Para centímetros

Do campo santo.

Todo mundo e ninguém

Nos reduz e seduz

Muitos de vida dupla

E moral dúbia

São assim

Até que prove o contrário

AORISTO

Eu sou isso

Não sou grego

Nem falo sânscrito

Apenas sou combustão

Um cosmo de químicos

Neurônios acessos

A emocionar.

Sou cisco

No olho do mundo

Do irmão que passa

Ao lado

Uma sombra

Na vida renhida.

Sou preciso

Impreciso

Para mim mesmo

Ainda vou devagar

Já tive pressa

Desgastei minha presa

E trabalho para pagar

Minha despesa.

Com água e sabão

Tenho que limpar-me

De minha sujeira

Sem beira e eira.

Aoristo e idiossincrasias

É um tornar-me

A cada dia

Sem saber para onde

E por que tem que ser

E ter.

Detenho em modos de ser,

Pensar e agir

Cada um vai com seu olho

Fareja seu caminho.

Uns com carinho,

Outros com trilho,

Vão, todos vão,

E são para algo e alguém.

Ninguém se basta

Senão fica preso

A sua pobre casca.

Defino-me na minha indefinição.

Fui folha branca que alguém escreveu.

Fui massa-côsmica que alguém modelou.

Sinto-me à estrada

No devir

No frigir dos ovos e óbulos,

Um caso em aberto,

Uma obra inconclusa,

Uma estrela errante,

Um astro cadente.

Torna-se o que é?

Tonar-se o que quer?

Tornar-se o que buscas?

Torna-se novo.

Torna-se o futuro

Que vislumbra

Planeta a tua semente

Agora

E se não colheres

Ou colherias outro

O que plantaste.

E a vida flui.

E não reflui.

Segue em frente.

E a gente sente

Que parece que

Ainda não chegamos

Somos indefinição

Até a morte.

A morte nossa definição!

OLHAR CANSADO – 14/01/09

Achava certo nadar

Não contracorrente das águas.

Era ilusão!

O tempo fechou

Vejo apenas cinzas.

Não há saída

O povo continua espoliado

Indiferença global.

A roça secou

A minha garganta emudeceu.

Choro! Ergo meu canto de lamento.

Para os ricos, tudo azul,

mas eles ainda estão verdes

e nos amadurecendo à força

e o trabalho é mais uma forca

somos tratados com gado

numerados para o matadouro

não estamos prontos, morremos.

Embora desesperados, ainda

Somos lição de esperança.

Nossa utopia é viver

Um dia num mundo justo.

GRATUIDADE

Quero agradecer tua graça

Que não passa

Em cada amanhecer

Em cada anoitecer

Ele me basta

E penetra além

Desta casca

E pulsa dentro de mim

E ela não me arrasta

E não me afasta nunca

De ti, Senhor.

HIPOCRISIA

Hoje sinto o que sentias

Quando as coisas são arranjadas

E você, fora.

São coisas que lá dentro

Ficam estranhas.

E mexem co nossas entranhas.

E respiro fundo

E junto de mim

Mantenho o silêncio

E observo os homens e os filhos dos homens,

Como ficam nos arranjos

E querem ser atores

E não frios objetos

Deste sistema hipócrita.

ATIRANIA DESTE TRABALHO

Frustram os cartões e relógios de ponto.

São prisões inúteis de medir o tempo.

Foram feitos para os acomodados

Não quero a chefia tirânica

Que persegue e engana com seu olhar

Fútil, fingido e indolente.

Nem aceito seus sequazes

Cuja bajulação esconde o desejo de subir e ter poder.

Para vigiar querem algo mais

E delatar logo.

Amofo todos os que se grudam ao poder

E o querem tão-só.

Querem ser superior aos outros.

Aborreço-me com os elogios

Para massagear egos...

Protesto contra os submissos,

Os que adulam e deixam os chefes

Pisarem só para não se imporem.

Que pena será a vida toda?

Se há autoritarismos, existe quem

Os credita facilmente.

Deixam que algum Tiradentes se apresente!

Sairemos bem disso após

A morte do herói.

Abaixo os tiranos e cúmplices malditos

Que se apipocam e apodrecem os ambientes de trabalho.

ALGUÉM

Alguém está disponível

Alguém procura alguém.

Você precisa de alguém.

Você quer alguém.

Todo mundo deseja na vida alguém.

Mas, paradoxal é ver alguém sem ninguém.

Alguém está só.

Eu sou alguém.

Poderia ter mil possibilidades

Mas vivo uma de cada vez.

Na curva da vida, posso encontrar alguém

Ou este alguém me encontrar.

Vamos procurar?

VENDEDOR DE SONHOS

Somos atores na vida

Aproveitando o dia de cada vez.

Contemplo meu futuro.

Não posso ser marechal.

É urgente conhecer-me

A cada opção para acertar

Evitar a contramão.

Somos apenas frágeis terráqueos

Não dá para viver como Etê.

A vida é o meu palco.

Não dá para ficar fazendo shows.

É caro e cansativo

Por isso, nos bastidores estudo-me.

Se falhar, não desisto do meu sonho.

Eu aqui vivo cada dia de cada vez.

OBAMA

Deus o ajude!

Seu discurso é ambíguo;

porque ser negro ainda é ambiguidade:

servir-se do sistema para vencer

servir o sistema para padecer.

Discursa para agradar gregos e troianos.

Discursa para incutir fé e esperança.

Não nos enganemos

Não é nada fácil ser presidente negro.

Ele sabe que não é super-homem.

E a decadência da potencia

Ainda esconde a prepotência.

O processo foi desencadeado e

Os estilhaços da crise vai nos atingir.

Porque somos ocidentais

E os orientais estão de olho em nós.

Abaixo o capitalismo

E nem aceitamos os fundamentalismos mútuos.

O sistema é duro demais,

Nos mata a cada curva da história

Concentrando dinheiro e poder na mão de poucos.

E o homem fica à margem;

Ainda não sabemos como ficará o centro.

MEUS TEMPOS

Sinto-me oprimido,

Não sou omisso.

Frente questões de meu tempo,

Ainda sabemos tão pouco –

a teoria não resolveu ainda a prática.

As culturas ainda

Vivem tantos paradoxos insustentáveis.

A fome grita em todo planeta.

A natureza humilhada reage violenta

E sua revanche tem proporções esmagadoras.

Os crimes de guerra

Que vergonha

Continuam por todo lado.

Civis e pobres sofrem consequências.

Tudo isso me faz pensar e chorar.

Até quando, meu Deus!?

Os juízes e políticos em conluio.

Invertem o jogo do poder com facilidade

Os pequenos vão ao tribunal.

Os ricos e injustos são liberados.

Tanta demagogia deslavada,

Mentem deslavadamente bem.

Sinto-me oprimido,

Vendo e vivendo nesses tempos.

Querem que nos sintamos

Inoperantes,

Impotentes,

Conformados,

Anestesiados com o mal – normal.

Vai meu protesto

E minha atitude a cada dia

Com o trabalho honesto e a favor dos pequenos.

Justiça não declina com corrupção.

Fome não rima com democracia.

E democracia não pode mascarar a tirania.

CHUVA

Ela cai leve e me faz dormir – obrigado, meu Jesus.

Ela cai forte e não deixa dormir o pobre, que pena, meu povo.

Levanto os braços em mutirão para ajudar...

Levanto os olhos para anunciar e denunciar.

O povo não tem casa e há gente correndo risco perto de rios.

Que arte das gotas virem

Fertilizar os campos?

Que desastre dos homens

Desmatando florestas e assoreando rios?

As gotas são milagrosas e perigosas ao mesmo tempo.

Elas alimentam usinas hidrelétricas,

Elas afogam nossos filhos e famílias perdem tudo.

Se continuar assim, a natureza vai exigindo respeito.

Deus perdoa sempre, os homens às vezes,

A natureza nunca!

Mas não nego a primitiva dádiva divina,

As chuvas têm sua musicalidade,

Aos olhos brincam de todo modo,

Aos ouvidos, destilam ritmos e versos cadenciados ou não.

Capte o show da natureza.

RAIOS X DO MILAGRE

Quem lê Sebastião Milagre?

Eu gosto tanto de sua poesia.

É verso engajado – critica sutil à ditadura.

Maduro sofre perdas e crises.

Teve olhar atento à cultura local.

Nome da agenda cotidiana.

Declamava, compunha e defendia nossa gente.

Sofreu, amou e morreu como tanto quis.

Sem Lilia, ele se sentia infeliz.

Tantas poesias lindas

Para dar sentido às labirínticas

Vivencias sociais.

Critico da cultura

Foi fundo em seu mundo.

Nada será igual

Depois de sua partida.

Agora vive do outro lado da vida,

No casamento espiritual.

Amar e refletir foram suas metas

Cujas premissas ficaram retintas

De versos e músicas, preces literárias.

Como é caro para nós

O preço do progresso;

A ética e fé não ficaram em escanteio

Pois vez da poesia seu imortal celeiro.

Deus fez Divinópolis;

E Divinópolis ama Milagre.

ABSURDO

O absurdo das desigualdades

Gritantes

Tem como contrário aparente

O enriquecimento do oligopólio

Surdo,

Que ofende o silenciamento de vozes da multidão empobrecida.

Em janeiro, o cidadão comum

Paga muitos impostos

Enquanto vereadores

Todo ano

Aumentam a bel-prazer

Sua remuneração.

Que vergonha!

Vergonhosa democracia.

E ninguém faz nada

O povo aceita submisso e omisso.

E a maquina viciosa

Continua fabricando

A desigualdade escandalosa do sistema,

Que justifica esse ato.

Pobre continua pobre para rico ficar mais rico.

Precisamos de uma revolução,

Em plena crise mundial,

A economia deveria ser inclusiva.

Não vale mais plantar pobres,

Para ricos ficar dominando tudo.

Até quando?

Protesto, isso está errado!

Amaldiçoo esse sistema cruel

E enganador.

Tudo que tem início tem fim.

Tomara que chegue logo esse fim.

Ouvi de Reginaldo Moreira

Isso que me chamou a atenção:

- Gosto de tudo, um pouco!

De nada, muito.

Gosto de cada coisa em seu lugar.

O problema é que nem tudo tem seu lugar.

A gente tem o trabalho de arranjar lugar para coisas fora de lugar.

Há discursos fora de lugar como há pessoas fora de seu lugar.

Cabe a ela descobrir seu lugar no mundo.

Fernando Pessoa aconselhava:

- - Que nada em ti exceda ou exclua,

Seja inteiro no que fazes como a Lua Alta

Brilha em cada lago inteiramente.

21/08/2012

Código do texto: T3842333

http://www.recantodasletras.com.br/discursos/3842333

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J B Pereira
Enviado por J B Pereira em 25/07/2017
Código do texto: T6064943
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