O Pintor

O Pintor

Sobre as cores mais realistas,

Cores mórbidas estou pintando.

E enquanto tudo perde o sentido

Velhas manchas voltam a tona.

Quanto mais cinza, mais cruel

E o nu vazio reflete a solitude.

Quiçá haja algum fio de pureza,

Por hora há somente divagações.

No preto os sonhos vão sumindo,

Essa arte é repleta de confusão,

Eu vejo dois mundos se partindo,

Nos traços melancólicos do pincel.

Tons desfavorecidos de encantos

E assim tornam a alma uma refém.

Sem um manto que lhe possa valer,

As verdades que encobre seu ser.

Uma mão pinta e a outra é açoitada,

Nas tintas do passado gritante na tela.

São ferozes as linhas de expressão,

Como o tempo que empobrece o riso.

Não poderia imaginar outra pintura

Que fosse mais fiel ao estado interior.

Não há brilho, atração, sequer aplausos

Somente um borrão na tela do pintor

Paulo Victor

Victor Cunha
Enviado por Victor Cunha em 10/10/2017
Código do texto: T6138059
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