Cotidiano do sofrido

Mais uma manhã

Sol quente como o café diário

Jornada de trabalho

Acompanhara o noticiário

Como aos tempos de criança

Este dia me flagrou

Embora das circunstâncias

Fosse apenas déjà vu

Ainda que morte assolasse

Impossível apagar o brilho

Da senhora que vendia tapioca

O mais-valia

Fez valer o suor do meu povo

Na minha terra que sofre

Com a corrupção e desgosto

Até o esgoto contrasta o tempo

Entre meios e fins

Malditos rótulos e latifúndios

Entre fins e lagos fundos

Encontro meu pranto

Nadando no ventre materno

Como sempre sem chinelo

Nesses metros quadrados

Um sofredor angustiado.