Poetizar
Visitar os recônditos da alma.
Fechar os olhos.
Sentir o universo presente.
Apreciar o seu ser escondido.
Vasculhar suas vicissitudes.
Devassar suas intolerâncias.
Devastar o esquecido e o não dito.
Chacoalhar os velhos estandartes.
Reacender a essência da chama.
Perlustrar o canto empoeirado.
Sacudir toda inquietação.
Debruçar-se sobre as profundezas.
Apreciar o cheiro da verdade.
Debulhar o sentir na escrita.
Afetar outras almas que escutam.
Espalhar os sentidos ao vento.
Permitir outros entendimentos.
Espraiar-se em mil comoções.
Deleitar-se em seres emotivos.
Alegra-se com olhares que brilham.
Contentar-se com risos que escapam.
Acolher os sons do aceite.
Realizar os seus próprios arranjos.
Aceitar a frieza da morte.
Descobrir novas criaturas.
Renascer a cada horizonte.
Ressurgir singular partitura.
Celebrar a eterna inconstância.
E viver o seu ser, em suas ânsias...