As Dores Que Eu Reguei

No recanto das saudades, meu aposento guardado está.

As dores que eu reguei ontem, hoje virão me visitar.

No debulhar das palavras não ditas, no entoar das canções perdidas

Uma lágrima se fez brotar.

Na estante da vida mil livros jamais lidos, mil vidas desconhecidas;

Na dispensa dos sentimentos, este se faz ausente com constância.

Toda lâmina têm um nome, e o nome desta é solidão.

No recanto das saudades meu ser que definha faceira e lentamente,

Mais ausente do que presente, mas inerte como sempre.

E as dores que eu reguei ontem, hoje me farão companhia por todo o dia até à tardinha,

E amanhã retornarão com um prato a mais de tristeza e um pouco mais de sal para o meu coração dilacerado pelo passado.

No recanto das saudades alguém que se partiu sem despedir-se direito,

Levando consigo uma parte do amor que havia aqui dentro.

E as dores que eu reguei ontem, hoje me farão companhia outra vez.