IGNÓBIL FARISEU

Sou paramentado de trapos,

Retalhos da consciência ébria

Que bebe o dia em sua nudez,

Come da noite o sonho virgem.

Vestuário dum farrapo humano,

Indigente de molambos estéreis

Que devaneia sobre o bandalho

Tétrico das madrugadas juvenis.

Sou o andrajo das esquinas sujas

Onde se vomita a exaustão torpe

Que assedia rodilhas enferrujadas

Dos curumins desnudos das favelas.

Pedaços de pano surrados do suor

Que se derrama sobre os frangalhos

Têxteis do algodão meio escolástico

E retinto por manchas de equidade.

Sou paramentado por velhos trapos

E mesmo subalterno das vestimentas,

Condiciono as velhacarias ao engodo

Dos esfregões maltrapilhos da noite.

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 12/01/2018
Código do texto: T6224596
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