ESTAÇÃO

Entre catracas, trilhos e vagantes

Estagnado; sigo, na estação.

Observo tempo à tempo, cada instante;

Deixando o trem levar os resquícios de preocupação.

Observo o vai e vem inconstante,

Que traz consigo minha redenção.

Selada em mim, a dúvida aflora.

O farol no olho arde e apavora.

Motivo de alarde dos covardes, agora.

Sem saber, que saber, não é ostentação.

Pois conhecimento não é glória; é maldição.

(...) Sigo estagnado nesta estação.

Pateticamente óbvio;

Perdido em meu próprio ócio.

Cansaço; se tornou sócio.

Meu ódio, agora; dócil.

Um trágico escarnecer;

Um gosto amargo na língua.

Em terra de quem quer crescer;

Mas nem erva-daninha vinga.

Falar é complicado,

Muitas vezes, me sai caro.

Por isso, muitas vezes, se torna mais raro.

Sigo... estagnado, desamparado, e; calado.

Passageiro do adiante;

Mensageiro sem semblante;

Iniludível brilhante?

Que ideologia massacrante!

Pois os sortilégios da dona angústia,

Talvez, fizeram-me forte;

Talvez, da esperança, uma réstia;

Talvez, um holofote.

Sentado no banco,

Esperando meu tempo acabar;

Pensando um tanto,

No trem que deixei passar...

Espera! uma voz me chama;

E me puxa no instante Seguinte.

Sob uma luz calma e branca,

E um sorriso de brinde

É alguém que me ama.

Pude sentir...

De fato, nunca fui bom ouvinte.

Mas pude ouvir:

-Vamos amor!!! É o trem das dez e vinte!

Foi o que me fez seguir.

David Wanes
Enviado por David Wanes em 14/01/2018
Reeditado em 19/04/2018
Código do texto: T6226139
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