ESTAÇÃO
Entre catracas, trilhos e vagantes
Estagnado; sigo, na estação.
Observo tempo à tempo, cada instante;
Deixando o trem levar os resquícios de preocupação.
Observo o vai e vem inconstante,
Que traz consigo minha redenção.
Selada em mim, a dúvida aflora.
O farol no olho arde e apavora.
Motivo de alarde dos covardes, agora.
Sem saber, que saber, não é ostentação.
Pois conhecimento não é glória; é maldição.
(...) Sigo estagnado nesta estação.
Pateticamente óbvio;
Perdido em meu próprio ócio.
Cansaço; se tornou sócio.
Meu ódio, agora; dócil.
Um trágico escarnecer;
Um gosto amargo na língua.
Em terra de quem quer crescer;
Mas nem erva-daninha vinga.
Falar é complicado,
Muitas vezes, me sai caro.
Por isso, muitas vezes, se torna mais raro.
Sigo... estagnado, desamparado, e; calado.
Passageiro do adiante;
Mensageiro sem semblante;
Iniludível brilhante?
Que ideologia massacrante!
Pois os sortilégios da dona angústia,
Talvez, fizeram-me forte;
Talvez, da esperança, uma réstia;
Talvez, um holofote.
Sentado no banco,
Esperando meu tempo acabar;
Pensando um tanto,
No trem que deixei passar...
Espera! uma voz me chama;
E me puxa no instante Seguinte.
Sob uma luz calma e branca,
E um sorriso de brinde
É alguém que me ama.
Pude sentir...
De fato, nunca fui bom ouvinte.
Mas pude ouvir:
-Vamos amor!!! É o trem das dez e vinte!
Foi o que me fez seguir.