ROSA DO SERTÃO
De um galho desprezado
Saiu Rosa do armário da solidão.
Vestiu-se de sua própria cor,
aquela de que é guardiã.
Pobre Rosa.
Rosa linda flamejante
De olhar estonteante.
Nunca havia notado
O seu redor pútrido.
Pobre Rosa.
Teu aroma lhe cabia
Nada aparentava demasia.
Nem mesmo a miséria...
De amor que não a atingia.
Pobre Rosa.
Então Rosa foi colhida
Seu perfume à madame servia.
Sua história virou estrume
Do que restou, nova Rosa brotou.
Pobre Rosa.
Nem a sombra de Rosa sobreviveu se via
À luz dos holofotes da madame.
Talvez por ter brilho próprio...
Talvez por ter sido impróprio o teu nascimento.
Pobre Rosa do Sertão!