ROSA DO SERTÃO

De um galho desprezado

Saiu Rosa do armário da solidão.

Vestiu-se de sua própria cor,

aquela de que é guardiã.

Pobre Rosa.

Rosa linda flamejante

De olhar estonteante.

Nunca havia notado

O seu redor pútrido.

Pobre Rosa.

Teu aroma lhe cabia

Nada aparentava demasia.

Nem mesmo a miséria...

De amor que não a atingia.

Pobre Rosa.

Então Rosa foi colhida

Seu perfume à madame servia.

Sua história virou estrume

Do que restou, nova Rosa brotou.

Pobre Rosa.

Nem a sombra de Rosa sobreviveu se via

À luz dos holofotes da madame.

Talvez por ter brilho próprio...

Talvez por ter sido impróprio o teu nascimento.

Pobre Rosa do Sertão!

Desirê
Enviado por Desirê em 19/01/2018
Código do texto: T6230266
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