As nuvens amam os bons
As nuvens muito me falam
E a elas devo certeza
Me contam histórias de terror
Outras tanto de grandeza
As nuvens me lembram do sonho
E julgam minha impulsão
Me falam do acaso e do imprevisível
Me falam do destino e do improviso
As nuvens me mandam sinais
Me apontam os leais
E no ensejo da cobiça e irá
Que me tentam a carne e envenenam a alma que já não vejo tão nobre
Elas me perdoam
Me mostram o céu
O vento transborda
Limpando a face que derrama o suor incessante dos momentos de angústia e duvidas
Tenho medo do que as nuvens carregam
Tenho medo da tempestade que carrega o fraco e afoga um corpo em cólera
As nuvens não respeitam o fraco
Mas amam os bons
Mas os bons encontram-se com medo
Não tenham medo das nuvens que levam a tempestade ao deserto
Incerto
É o instante de prazer que chega antes do frio
E as nuvens me passam
Me vejo sem tempo para elas
Mas abro a janela e sua passagem lenta me tira de súbito
E por um momento lúcido
Eu paro
As nuvens me cobrem de proteção enquanto vivo
As nuvens amam os bons
E assim vivo
Entre instantes de dor e paz