CAMINHANDO E SEGUINDO NA VIDA

Pés que se queimam e sangram suas pegadas em ardentes flamas

Na viva hora em que se calam todas as vozes do mundo em minh'alma

Na luz de outrora a não mais existir (ainda bem!)

Aonde vou ou par’onde então chegarei... deveras, não sei

Ao que incerto é, pois o meu viver d’agora

E destarte caminho... neste instante... qual sereno e impassível monge

Sem rumo... sem destino... todavia, sempre obstinado

Nunca sou o mesmo do que ontem fui...

Jamais (que bom!)

Não, longe de mim o querer ser plágio de mim mesmo

E de pegadas em pegadas levitam então meus pés

Os quais não mais temem as sombras da noite que se aproxima

Das tentações dos medos que neste momento se agonizam... e morrem

Oh, quão vibrante e auspiciosa é esta sagrada hora!

Sabor de liberdade... a que a nada se iguala

Da semente que germina hoje...

E amanhã morta na terra que fecundada trará seus devidos frutos...

Ah, mas não me iludirei... ao considerar-me ser neste intante grande

Ao que o ancião que hoje sou... ainda é uma criança a engatinhar

A cair pelos tropeços a que com dificuldade ainda ando

Mas por acaso terei vergonha de assim ao mundo o revelar como sou?

E mais ainda o de assim estar?

Não, de forma alguma...

A vida e o viver... são o caminho do calvário...

Do qual sei que ainda muito cairei... e ao chão me despedaçarei....

Mas não me desesperarei

Sei que os olhos da Vida me velam.... sempre...

Seus divinos olhos de puro amor...

Inspirado no lindo poema “Enquanto isso...” da talentosa poetisa Cláudia Machado.

Estevan Hovadick
Enviado por Estevan Hovadick em 09/03/2018
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