SOLTANDO AS VOZES



Vozes são sons de ideias
São clamores sentidos, são ecos
A boca falando e o coração só sentindo
Desejos em dizeres e pensamentos concretos.


Vozes são opiniões amistosas
São desafogos, são prantos de dor
A boca gritando e o coração retorcendo
Temores calados, derretendo o silêncio com o calor.


Vozes são verbetes venais
São desalentos de angústia e pesar
A boca engolindo salivas com palavras misturadas
Emudecendo se lhe privam de sentir, de falar e sonhar.


Vozes são somatórias de trágicos “ais”
São urros contidos por grilhões e amarras
A boca antes impoluta, gesticula aos quatro cantos
Socorro sem som, nessa hora rouca, tremula, suspira e se cala.


Vozes são cessações de atitudes
São certezas inócuas em desditas afins
A boca á fechar e no coração que adormeceu
Findaram-se as dores, os medos, os temores e fim;
E este sonho que fizeram tanto calar,sem vozes, agora morreu
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