ADENTRANDO-SE NO ESPELHO

Vida

Uma incoerência... coerente?... Ou uma concordância ilógica?

A que ninguém se adéqua...

Por irracional a que seja nossa enferma razão

Daquela que tanto busca o que em verdade não conhece

A que se permite afadigar com as ilusões as quais ela própria cria

E ingenuamente acredita... e se distrai

Das mil mentiras que a noss’alma agasalha

Das inúmeras miragens as quais somente ela vê

Mas que não existem... nem nunca existiram

Vida

Uma luz tenebrosa... ofuscada... obnubilada...

Ou seriam noss’olhos fechados par’ela?...

E destarte é... sem “sombra” de dúvida... tão clara!

Vida

Uma duvidosa certeza... de quem em tal grau dela duvida

Ou não a acha, pois justa

Ao que muitos até tem-na como uma justa injustiça

Oh, não! A vida não é injusta

Absolutamente!

Não... não... não

Mesmo que nossa revolta dela sempre discorde

Não! Injustiça dizer ser a vida... injusta!

Ela não é... ao que serei o seu advogado de defesa

Ainda que não de todo a compreenda

Mas por que não seja eu não sei

Embora saiba que injusta a vida não é

(oh, tão cômodo culpar a vida... de nossas burrices e cagadas!

E não é todo mundo?)

Vida

E então!

Seria um mal abençoado?

Seria um bem maldito?

Ah, sei lá!

E neste paradoxo, ou dir-se-ia, melhor, neste incrível heterodoxo

Querer entendê-la... ai, quão difícil!

Talvez, somente, adentrando-se num espelho

Das invertidas imagens de tudo o que aqui vemos

Eis sua virtual realidade (ou seria real?)

Em que o esquerdo se é, na verdade, direito

Em que o grande é, pois minúsculo

Daquilo que se abaixa à medida que se eleva

E se eleva no tempo em que se abaixa

E, em tudo o mais, vice-versa...

Vida

Quando, pois a conheceremos?

Quando finalmente a amaremos?

Estevan Hovadick
Enviado por Estevan Hovadick em 02/04/2018
Reeditado em 13/06/2018
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