Triste retrocesso

Por entre as ruas novamente

Se ocupa à tortura o céu da mente,

De pensar e pensar, e tudo

Se repete, se repete eternamente.

Me pego pensando de forma diferente

A mesma fala, a mesma dor ardente:

O que falarei no futuro, o que direi,

E o que aconteceu no passado, eu sei...

Perturbo, e vou à baía de Guanabara,

Onde o sol bate à retina e me tenta

Tudo o que no horizonte dispara

O vento voa e eu vou ventando,

Pensando, talvez, em me render,

Se pois render é o firmamento.

Mas eu vejo, ao mesmo tempo,

A dor do dever em raio negro;

O coração indignado ao latejo;

E o inaceitável, agora frio e lento.

E segundo após segundo eu vou vivendo,

Pensando que o fim, talvez um blefe,

Tal se torne por fraqueza; vou crendo

Na recompensa cósmica ao relento.

João Pedro Garcia Castro
Enviado por João Pedro Garcia Castro em 05/04/2018
Código do texto: T6300426
Classificação de conteúdo: seguro