Desatinos
Vida que segue, vida tão desatinada, que insiste em te empurrar
Passa por cima, como trem fora dos trilhos
Quer a todo custo te fazer continuar
Não te interroga, faz delonga ou se preocupa
Que ao passar ela machuca, ela somente quer passar
Tua alma canta bem baixinho e bem mansinho
Não querendo te assustar
Outrora grita, faz barulho e agita
Um tanto assim insaciada, insubordinada
Não querendo mais calar
Solta as correntes que te prendem, desatina
Tua alma peregrina agora anseia descansar
Cantaste um dia e não me esqueço da ousadia que insistia ao cantar
Desata essas correntes, é hora de vos libertar
Descobre o brilho e estanca essas feridas
Já não podes mais te ofuscar
Brilha brilhante, brilha o brilho das estrelas
Brilho intenso e ardente, não vá mais se contentar
Com esses finos desatinos que te empurram
Te perseguem e se atrevem a te fazer acreditar
Que não és forte, não és firme, não tens o suficiente
A que se possa aproveitar
Engatilhada, sem querer, mas destinada
Segue tu com voz cansada, continua a cantar
Canta os sabores, dissabores
Canta os choros e os temores, mas não para de cantar