Semente_Ressurreição Poética n° 36

Da Série: RESSURREIÇÃO POÉTICA

POESIAS ANTIGAS

[Veja a contextualização desta série na poesia n° 01]

Semente

Guarda dentro de ti uma vida

Que vem sempre para germinar

De uma forma branda ou atrevida

Outros tantos futuros embriões

Na liturgia de futuras plantações

Na cadência do próximo cultivar

Esconde em tuas entranhas

Dos homens toda a luta, todo o suor

De trabalhar duro sob o inclemente sol

E nas formas mais estranhas

Valendo-se das artimanhas

Fazer acontecer por meio do seu grão

Um sonho de muitos pela alimentação

Oculta o fruto de doce prazer

Que o mundo transforma pelos paladares

E com toda força do seu ser,

E no seu ventre pequenino

Nutre desde o bebê, o menino

Até os homens de mais longevas idades

A essência da bela natureza,

Se faz presente, com certeza

Por meio do seu trigo, do seu grão

Faz brotar o mais nobre alimento

De bíblico acontecimento,

Pois o Cristo multiplicou

Em um longínquo momento

Todo peixe, todo o pão

E saciou a fome da população.

És tão graciosa a dádiva do universo

Espetáculo grandioso da concepção

Que a semente de tão bela

Seja no ventre de uma mãe, ou cio da terra

Nunca se exaure, se extingue, se encerra

Não cabe neste meu verso

E, portanto, se atira da janela

Por meio de luz de uma centelha

Para nas asas de uma abelha

Ou nas ondas do vento

Ser imortalizada em profusão

Do seu sopro, num frenético movimento

Ou num bailado alado da polinização

A sua tinta conduz

Um brilho uma luz

Que em breve colore de verdejante

A todo o momento

Um campo ou uma vila

Pela magia do pigmento

Pela mágica da clorofila.

01 de outubro de 1984

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