ALCIDES BALTAR, O POETA

Francisco de Paula Melo Aguiar

O termo “Baltar”, segundo o dicionário dos nomes próprios é um adjetivo ou qualidade de dois gêneros e quer dizer aquilo que estraga as vinhas e/ou seja se refere a uma variedade de videira estéril. O nome também pode designar soldado audacioso de origem germânica.

Por outro lado e segundo estudos desenvolvidos sobre o brasão da “Família Baltar”:

“O sobrenome Baltar é toponímico e está relacionado á regiões chamadas de Baltar na Galiza, como a que pertencia ao Couto Misto, uma região neutra entre Espanha e Portugal. Outra região chamada de Baltar fica no concelho de Paredes e pertencia ao Concelho de Aguiar de Sousa, em Portugal.

O nome Baltar não tem um significado definido, podendo vir do celta balt, que significa “água”, e aar, que se traduz por “corrente”, ou vir do germânico Walter, que significa “chefe do exército”, que gerou os nomes Guálter, Valter, Balteiro entre outros. Outra origem para o nome Baltar é do latim que produziu a palavra galega baltar, que significa “cepa estéril, uma videira que não produz frutos”, logo Baltar era um lugar com videiras estéreis.

O brasão da família Baltar é em azul com três estrelas de ouro, com o chefe em vermelho com uma banda de ouro”. (LEEUW,2015).

Assim sendo, ainda que por analogia e se algo parecer com o perfil do poeta e seus descendentes é mera coincidência, uma vez que Bittencourt (1914, p. 20) assim escreve sobre:

“Alcides Baltar – poeta. Nasceu na Villa Cruz do Espírito Santo, a 12 de Outubro de 1877. Estudou preparatórios no Lyceu Parahybano e empregou-se no commercio, a principio na Parahyba e depois no Recife. Em 1898 matriculou-se na academia de direito desta cidade, recebendo o gráo em 1902. A 6 de janeiro de 1904 foi nomeado procurador fiscal federal, sendo, por questões políticas, demitido desse emprego a 10 de Maio de 1912. Dedicou-se então à agricultura. Vigoroso, assim no physico, como em a intelligencia, cultiva com felicidade e maestria as bellas letras; poeta lyrico e satyrico de valimento incontestável. Na tez moreno, na cultura forte e no proceder franco, tem comsigo uma notável particularidade: fala demasiado alto, como que a attestar constantemente a rude franqueza que lhe vai na alma[...]”. (Transcrevemos com a ortografia da época).

A perseguição política sempre esteve presente na vida dos poetas paraibanos, assim como Alcides Baltar é demitido em 1912, diferente não foi com Augusto dos Anjos que pediu apenas um mero afastamento para cuidar de sua saúde no Rio de Janeiro, nesta mesma época. Quem sabe ler e escrever nunca aceita ser “capacho” de ninguém em troca de favores desnecessários, em qualquer ramo da atividade humana, inclusive na poesia lírica e satírica, justamente aquela que denuncia o fato histórico nas entrelinhas dos versos de cada poesia, doa em quem doer. Ser livre custa caro e é ter amor próprio em ser assim. A ideologia alheia não serve para quem sabe o que quer.

E Bittencourt (1914, p.30/31) menciona que “na revista acadêmica Exedia, quando estudante, deu a lume a seguinte composição poética”, que passamos a transcrevê-la com a ortografia da época:

“ JAMAR

Privado sempre do teu carinho

Quando appareces, graciosa santa,

A’ flor do lábio, qual passarinho

Alviçareiro, meu beijo canta.

Canta! E minh’alma risonha, em festa,

Esquece os tristes, negros pezares,

Para aquecer-se como a floresta

Ao sol, ao fogo dos teus olhares.

Olhares ternos e penetrantes

Que o bando accorda dos meus anhelos

Como eu vos amo raios brilhantes

De olhos mais negros que os teus cabellos?!

Cabellos pretos, finos, ondeados,

Monte onde o sonho freme e palpita,

Gosto de vê-los desalinhados

Apenas presos por uma fita!

Fita que prende laço tão breve,

Bem o quizera ser preso um dia

Pelos teus braços, collar de neve

__Cadeia eburnea que delicia!...

Delicia extrema se as vezes sonho

__E ouço minh’alma vibrar no espaço

Que vou tranquillo dormir risonho

No leito branco do teu regaço.

Regaço branco, côr de alvas plumas,

__Mar onde o gozo de amor estúa

O meu desejo como as espumas

A’ superfície, também fluctua!...

Fluctua errante, tremo, incerto

No alto relevo das minhas preces;

Porém, querida voaria certo

Ao Paraizo se tu quizesses.

Se tu quizesses, doce Maria,

Surgir piedosa no meu caminho,

A tudo e a todos desprezaria

Pela doçura do teu carinho...”.

E lá se vão três poetas significativos e nascidos no mesmo torrão natal: Edmundo do Rego Barros Filho (1871) Alcides Baltar (1877) e Augusto dos Anjos (1884) que com a emancipação política de Sapé em 01 de dezembro de 1925 a sede do Engenho Paud’Arco (atual Usina Santa Helena, extinta) passou a ser parte integrante da nova municipalidade e junto foi a naturalidade do ilustre poeta do “EU”.

REFERÊNCIAS

BITTENCOURT, Liberato. Homens do Brasil. Vol. II – Parahyba – Parahybanos Illustres. Rio de Janeiro: Livraria e Papelaria Gomes Pereira, Editor, 1914, p. 30/31.

DICIONÁRIO DE NOMES PRÓPRIOS. Disponível In.: <https://www.dicionariodenomesproprios.com.br/baltar/ >.

LEEUW. Blogger. Brasão da Família Baltar. 2015. Disponível in.: <http://brasaodefamilia.blogspot.com/2015/06/brasao-da-familia-baltar.html >.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 16/07/2018
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