OUTRO POENTE

A vida vem para juntar.

O tempo porém corta as emendas.

Se vemos marinheiros

e suas ombreiras azuis,

elas são marcas da encenação geral,

mas nos portos

há uma guerra entre os segundos,

e sobre o mar

nenhum metal vence a força naval

do ocorrido há pouco.

A vida chega para reunir,

mas o tempo dilacera.

Se gaivotas pousam nas pedras

é o ensaio de tudo,

embora os instantes

engulam os peixes

e um baque sobrenade o horizonte

sem o reflexo das escamas.

A vida está aqui,

mas o tempo divide é certo.

Se vemos um coqueiral

exposto na praia,

isto é o aceno de nossa passagem

ainda assim prevalece

o maior areal das horas

como remate contínuo

do que eram pérolas.

Viver para assistir

a sombra de um eclipse,

o cone

e o estilhaçar contínuo

do vidro futuro.

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Elza Viana Araujo em 02/08/2018
Reeditado em 19/09/2018
Código do texto: T6407113
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