GENTE SOFRIDA
Sergio Furtado


As chagas de gente sofrida,
marcadas por dilacerantes golpes
com pontas de tinta azul,
fazem com que mães chorem,
homens guerreiem nas ruas,
jovens voem cegamente
e todos percam a identidade.

Lanças pontiagudas
se embebedam nos tinteiros
de suor, dos que lutam
para dizer que vivem.

Seus pés nús
caminham para o nada,
suportando as avarezas
de homens diabólicos,
que a honra feriram
com golpes profundos,
e os lugares onde são relegados
passaram a se chamar favelas.