Não existe eternidade

Não há porque querer o infinito,

somos essa carne perecível,

essa água que seca na fonte,

essa flor com tempo de validade,

semente que brota, desabrocha e morre,

alimento para a terra,

alimento para o tempo,

escrita nos anais da História,

poesias deixadas no fundo da gaveta,

digitações perdidas em um HD,

não existe eternidade em nós,

não somos mais do que passageiros,

com ou sem rumo,

dirigindo ou sendo dirigidos,

cumprindo ou não um destino,

estamos na estrada, andando, correndo,

pegamos carona para ter maior adrenalina,

e no final nos encontramos todos em cemitérios,

enterrados entre a terra e o concreto,

cremados para voltar ao pó de onde viemos,

somos humanos, demasiadamente humanos,

somos efêmeros, esquecíveis, apagáveis,

o botão do delete é um lembrete para nossas almas,

não perduramos mais que a chama de uma vela,

não amamos mais do que uma vida de desilusões,

porque no final sempre existe um final,

um ponto, um cessar fogo, um corta a cena,

momento de olhar para o horizonte e ver o nada,

aspirar o perfume da solidão que nos abraça,

aceitar o silêncio dos póst mortem que nos aguarda,

porque a única verdade é que não existe eternidade...