SEGREDOS

Tantos maltratados vejo,

passam, ficam. Aninho-os nos

bordos do meu coração que é vasto.

Alguns com suas cicatrizes, outros

com as gases sobre as chagas.

Tantos apertados de alma, tantos

apressados para o que sequer sabem

-- a batalha, a batalha da vida...

Outros que pararam em seu caminho derruído.

A quem Culpar? Ah, isto jamais direi,

não ousarei devassar a alma que se certa

como um molusco em sua casca!

Não teria tal audácia de poder ser picado

por esta arraia em seu intacto incomunicável.

E para meu caso também, com a mesma medida

na balança, não ousarei dizer alguns de

meus próprios segredos -- nem mesmo a mim.

Há coisas que não digo quando escrevo que só

em mim permanecerão aquietadas, mesmo que

sejam feras, pois que o lugar delas, por bem,

é o dos seres dormitantes nas profundezas do mar.

Fernando Munhoz
Enviado por Fernando Munhoz em 29/08/2018
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