SEGREDOS
Tantos maltratados vejo,
passam, ficam. Aninho-os nos
bordos do meu coração que é vasto.
Alguns com suas cicatrizes, outros
com as gases sobre as chagas.
Tantos apertados de alma, tantos
apressados para o que sequer sabem
-- a batalha, a batalha da vida...
Outros que pararam em seu caminho derruído.
A quem Culpar? Ah, isto jamais direi,
não ousarei devassar a alma que se certa
como um molusco em sua casca!
Não teria tal audácia de poder ser picado
por esta arraia em seu intacto incomunicável.
E para meu caso também, com a mesma medida
na balança, não ousarei dizer alguns de
meus próprios segredos -- nem mesmo a mim.
Há coisas que não digo quando escrevo que só
em mim permanecerão aquietadas, mesmo que
sejam feras, pois que o lugar delas, por bem,
é o dos seres dormitantes nas profundezas do mar.