Ainda navego

Navego águas enegrecidas e mortas,

E o grande culpado sou mesmo eu.

Mas como vou saber o caminho certo

Se algo tão importante, aqui dentro, já se perdeu?

Meu coração era minha bússola

E em sussurros ternos ditava a direção,

Até ser completamente esvaziado

Pela violência insaciável da decepção.

Mas ainda navego...

Carrego comigo nessa jornada

Tesouros tão vastos quanto o mar,

Mas que, guardados dentro da alma,

Serão desperdiçados, sem ninguém para contemplar.

Tantos tentaram navegar ao meu lado,

Dizendo sempre saber a direção.

Mas ao por do sol, me vejo sempre sozinho,

Navegando amedrontado em meio à escuridão.

Mas ainda navego...

Algo dentro de mim diz que nunca vou encontrar o caminho,

Que minha sina é navegar desamparado,

Porém mais vale navegar perdido pelo mundo,

Do que passar toda uma vida ancorado.

Compactuo com pessoa e com os antigos marinheiros:

navegar é preciso, Viver não é preciso

Pois é melhor encontrar a morte na jornada

Do que estar morto enquanto se está vivo.

Ainda navego...

Lucas Raposo
Enviado por Lucas Raposo em 05/09/2018
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