Requiem
No mundo não há coerência.
Caminhamos para o nosso próprio percer
e fazemos isso como especialistas.
A razão é a vaidade e o orgulho
que dançam de mãos dadas na barbárie
dos grandes absurdos que construímos.
Nossos olhos choram o peso da falta
dos valores da sensibilidade,
da riqueza do sentimento,
da força da paixão...
Sofreemos carregando as cruzes
de crises humanas,
caminhando rumo ao abismo.
E temos que morrer.
Mas não da morte física
de velório e caixão.
Temos que falecer para a alienação,
adoecer para a covardia,
dar à hipocrisia o incurável
veneno da legitimidade,
fazer a ignorância bater de carro
a cento e vinte por hora,
decapitar toda a opressão em praça pública
e assim gozar da alegria
de matar quem nos vencia.