Tatuagens
Pele e obra abertos, telas em riscos árduos...
Exposição de mim em obra viva
que foi se fazendo em meu ser
nos dias intensamente insanos
em que senti adagas em meus passos.
E assim as marcas surgiram,cravando em minha carne
o desenho das mais controversas sensações.
Tintura de mel e fel em minha alma a ferver.
Agulhas da vida a escrever em meu eu:
amores de cinza cor, imagens de cura e dor
tatuando todo o ardor.
Me contemplo a encarar todas as tensões que vivi.
Estou cercado por caminhos que construí,
fluindo em minhas veias como forte pulsação.
E então dialogo com minhas cicatrizes,
meus versos, minhas flores, minhas mortes e ressurreições.
Tudo o que cultivei, o muito que sempre fui
me banhando em uma infinita tinta.
E ela não vai parar, vai me acompanhar,
me transformando em perfeita arte humana imperfeita.
Tatuagens não se apagam jamais,
asim como o tempo que vai, vai, vai...
e cada vez me afeta mais.