Fome de Solidariedade
Gostaria de ver o pão repartido sendo passado de mão em mão
Até chegar em todas as bocas e alimentar toda a população.
Queria ver o povo caminhando junto, sem classes sociais,
Sem inúmeras bandeiras e sem discriminação.
Não queria que as marquises fossem o teto da miséria,
Nem que as pontes e viadutos fossem a morada dos infelizes.
Não queria ver as drogas, os crimes e a prostituição
Sufocando o nosso dia-a-dia. Não queria ver essas crianças
Revirando o lixo, comendo restos e cheirando a cola da fantasia.
Esse individualismo, cataclismo do mundo, antecipa a sepultura:
Morada sem retorno, onde os vermes fraternalmente,
Dividem a carcaça humana e se saciam num majestoso banquete.
Os vermes sabem viver. Eles vivem da morte do homem
Que rasteja ereto sem se preocupar com a solidariedade.
A solidariedade é o alimento que prolonga a vida,
Nutre a alma do homem e o torna resistente ao encontro
Prematuro com os vermes.
A fome que mais nos mata é a fome de solidariedade,
Pois suas consequências nos levam por caminhos nefastos,
Até cairmos no abismo do esquecimento.
Para matarmos a fome que arde em nosso estômago
Temos que aprender a repartir o pão,
Assumir as responsabilidades da nossa própria existência,
E antes de mais nada, estender a mão ao próximo.
Portanto, vamos nos esquecer do banquete
E dos presentes materiais. Vamos fazer uma reflexão
E montarmos uma apetitosa ceia para alimentarmos
A nossa fome de solidariedade Aí sim. Poderemos caminhar
De cabeças erguidas e dizer: Ainda somos humanos...