O julgamento do Psique

Lá fora o tempo brinca de sol e chuva, de luz e trevas e vira rotina essa sensação de ir ou não ir, entrar ou não entrar,, correr os riscos, ou se recolher e jamais experimentar o gosto do veneno que irá te matar ou fortalecer.

Tão confuso o nosso ser, imitando o tempo lá fora, nessa arte de viver entre a alegria e a dor, entre lágrimas e sorrisos, entre sonhos e fantasias, entre o fim e o começo, e se sentir perdida sempre no meio.

Pela manhã ouço o canto dos pássaros que avisam que o dia clareou, ouço gatos miando no corredor, e por dentro meu amago só quer dormir e se deixar esquecer a dor, e por onde tudo começou.

Um dia fui sol, senti o ardor me queimar por dentro, senti a vida me chamar, e as chamas eram brasas , virando faíscas pelo ar.

Quando a chuva chegou, levou tudo que restou, quando esse tudo eram as cinzas , que minha alma se transformou.

A paixão é assim, vem como força bruta, feito furacão, levando tudo, deixando somente a loucura e a sensação de ter perdido a razão, caída num abismo sem fim onde um caos se inicia ali.

Ainda vejo lá fora que talvez possa ser um dia lindo.

Procuro minha melhor roupa e meu tímido sorriso guardado no olhar, molhado por ter chorado a noite passada, me deixo sonhar com o dia que ainda virá.

Ainda que por dentro, exista um cemitério de desilusões, uma desordem incontrolável, difícil de arrumar, me deixo ser presa e julgada como ré no juízo final .

A culpa do psiquê foi viver o amor entre o fogo e água, por ter brincado com fogo e se queimado, ter entrado no mar sem saber nadar.

Claudeth Oliveira
Enviado por Claudeth Oliveira em 01/12/2018
Reeditado em 01/12/2018
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