Poema das Medidas

A medida da paixão é o acaso

A medida do amor é a não-medida

A medida do tempo é o atraso

A medida da morte está na vida

A medida da velhice é o moço

Os nossos cabelos já embranqueceram

A medida do silêncio é o alvoroço

Foram nossos sonhos que morreram

A medida do caminho são os passos

A noite era tão fria porque choveu

Já não me importo com cansaços

A medida do estranho ainda sou eu

A medida da festa é o desespero

A medida das cinzas é o carnaval

Vamos chorar com certo esmero

Vamos pedir que passe o temporal

A medida do choro é o que queremos

Choramos muito pelo nosso povo

Somos apenas um mas não o sabemos

O brinquedo a roupa o sapato novo

A medida da exatidão é erro calculado

Mais do que dúzia é dúzia e meia

A medida do sono é ficar acordado

Fazendo meus castelos na areia

A medida do paixão é o acaso

A medida do amor é a despedida

A medida do tempo é o atraso

A medida do que tenho é a ferida...

Carlinhos De Almeida
Enviado por Carlinhos De Almeida em 08/12/2018
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