ÚLIMOS PEIXES

É possível mesclar poemas e peixes

através do peixeiro letrado,

mas é a poesia

o plâncton do planeta,

assim os poemas diversos

dispersos na água

ora salobra, ora doce,

ora correnteza de um texto

deixam certezas no mundo.

É possível mesclar poemas e peixes

através da proliferação dos nomes:

o Peixe-Boi, o Vermelho, o Leão, o Cascudo,

o Bandeira,

o Atum Azul do Pacífico,

mas somente a poesia

é o ser abissal,

cria sua própria luz, ilumina um caminho

e atrai as presas com seu limite,

crianças chegarão as profundezas,

dos seus distintos lares.

É possível mesclar poemas e peixes

através do verso frio:

“o peixe dorme no gelo do supermercado”

mas somente a poesia

pede o desapego das rimas,

já que ninguém se alimenta

de fonemas sem valimento.

Por isso, o poeta no fim

sua composição proclamas,

raspa dela as rimas pobres

tira dos seus peixes,

antes da entrega,

o que foi refrega, o que seriam escamas.

Elza Viana Araujo
Enviado por Elza Viana Araujo em 14/12/2018
Reeditado em 06/01/2019
Código do texto: T6527008
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