Imperfeição

Há na força do indizível

a simples concepção

No não falado do invisível

Uma notória compreensão

Nunca se tratou de viver intensamente

Ou viver por um objetivo absorto

Viver do jeito dos outros é sol poente

É se afogar em mar morto

E é no estilhaço do espelho quebrado

Que se percebe que os poucos bocados

Dos velhos preceitos rearranjados

Ainda são o que são.

O olho interessado te observa

Para te pôr numa caixa em conserva

Pra que tudo seu seja quase

E quase mesmo sem opção

Há sempre um caminho a ser traçado

Mas nunca no alheio é encontrado

Viver sem dar nós e tendo voz

Mesmo após toda lição

Viver é sempre sobre ter algum tanto de coragem

De não olhar para a prateleira e a padronagem

Que sempre em oferta e alta tiragem

Se mostra como ideal de realização

Nunca é cedo

Ou tarde demais

Sempre há medo

E contratos sociais

Há arremedo

E sonhos distais

Viver ainda é imperfeição

E tá tudo bem também pensar que não