Não sei
O que, afinal, aconteceu?
Tanto tempo se passou.
Tanto aconteceu e tanto não aconteceu.
Ainda penso em tudo.
E você?
Não sei o que fui a você.
Não sei como ou se pensas em mim.
Não sei porque me retornastes lá naquele final de julho.
Não mais sinto raiva.
Ao menos não a raiva de socos na parede do banheiro.
Não mais, e há um bom tempo.
A raiva adormeceu,
Embora seus sonhos volta e meia vultuam o pensamento.
Eu não sei se sinto tua falta.
Pensar em você todos os dias não pressupõe saudade.
Por vezes, sinto uma espécie de alívio:
Não há quem me ame, não há quem amar.
Posso deitar em meu quarto,
Morrer por quanto tempo quiser.
Ainda acredito que não te perdi por inteiro.
Todo meu entendimento discorda de mim.
Não sei por que acredito.
Acho que agora entendo um pouco daquilo a que chamam religião.
Estou confuso.
Não sei se concordo com tudo que acabei de dizer.