Bêbado
Noite de sábado,
Animada,
Escura e Deprimente.
A cada ápice de diversão,
Uma chuva de verão espera ansiosamente.
O céu manda noticias de uma longa noite,
As ruas se alagam,
Meu coração transborda de modo similar.
Outra lata de cerveja,
Memória de algum momento sereno e aconchegante
Na minha infância.
Tudo traz a tona a certeza de um presente improrrogável,
Passado que não tem mais face,
Futuro nebulosamente incerto.
Minha adicção por beber músicas tristes
Traz um isolamento das almas quentes
Que caminham na superfície.
O cigarro apagado em minha boca
Clama por uma chama
Com uma fumaça aniquiladora.
A inevitável foice já não me amedronta mais,
Enquanto caminho embaixo de um guarda-chuva
Que não protege minhas pernas,
Me afogo nas profundas águas frias de um oceano.
Nadando fundo até a escuridão,
Onde vivem os animais brilhantes e mortais.
Toda essa melancolia vem com uma dose de tédio,
Uns goles em perguntas sem resposta,
Copos cheios de conversas inexistentes,
Bêbado nessa vida inerte.