Bêbado

Noite de sábado,
Animada,
Escura e Deprimente.
A cada ápice de diversão,
Uma chuva de verão espera ansiosamente.
O céu manda noticias de uma longa noite,
As ruas se alagam,
Meu coração transborda de modo similar.
Outra lata de cerveja,
Memória de algum momento sereno e aconchegante
Na minha infância.
Tudo traz a tona a certeza de um presente improrrogável,
Passado que não tem mais face,
Futuro nebulosamente incerto.
Minha adicção por beber músicas tristes
Traz um isolamento das almas quentes
Que caminham na superfície.
O cigarro apagado em minha boca
Clama por uma chama
Com uma fumaça aniquiladora.
A inevitável foice já não me amedronta mais,
Enquanto caminho embaixo de um guarda-chuva
Que não protege minhas pernas,
Me afogo nas profundas águas frias de um oceano.
Nadando fundo até a escuridão,
Onde vivem os animais brilhantes e mortais.
Toda essa melancolia vem com uma dose de tédio,
Uns goles em perguntas sem resposta,
Copos cheios de conversas inexistentes,
Bêbado nessa vida inerte.
Rafael Petito
Enviado por Rafael Petito em 07/04/2019
Reeditado em 07/04/2019
Código do texto: T6617812
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