Tudo que não importa a ninguém.

O que vale na vida

Não se pesa em nenhuma balança

Não lesa abraço e nem confiança

Abrigo e telhado

O Pensamento distante

A trilha, o atalho

Tristeza que ninguém notou

Um olhar calado fala mais alto

E te leva com ele

A sabedoria de ser julgado

Num tribunal inimigo

E receber um julgamento honesto

A vida não é como se escreve

O lado bonito é mais profundo

E não vale o escrito

Um resto de lembrança

A voz rouca

O pavio apagado

O "tanto faz" do olhar além

Pela lente da janela

As gentes que vem do outro lado

A poeira que flutua

Um cavalgar constante

O Panteão, o tempo.

Ah, o tempo...se a gente o soubesse!

A energia

Telúrica e presente

Maior que milhões de universos

O reverso da lente

A maneira certa de dizer

Coisas que a ninguém se diz

O momento feliz que não veio

E foi pra nunca mais

Há coisas que não se muda

Contudo se modificam

Como tudo

Pra essas o tempo pára

As demais são passageiras

E se afere o valor que elas tem

A mais valia o sabe

Um lugar que se oferece, quando houver

O pão também

E segue cada segundo

Que nem se fosse eternamente

E que pra sempre vai ser assim

Sem pressa

Pois o tempo é lento e precioso

Mas é também caprichoso, quando preciso

E que esteja presente

O tempo todo

E que acalme a alma só de olhar

A rama da alegria

O lado de dentro da calçada

Alento pra dor sem cura

O olho que busca

Oculto na escuridão

Se não trouxer, tenta

Um suspirar nostálgico

Isso te basta

O querer

É esse o valor da vida.

No âmago do meu ser

Edson Ricardo Paiva..