Eu não sou daqui
Não me reconheço em nenhum de vocês.
O que muito tem em mim, é pouco em vocês.
E o que muito tem em vocês, em mim se encontra em escassez
É um misto de sensatez e estupidez
Da minha parte,
Como um artista desatento de sua própria arte.
De tanto esperar algo daqui, eu perdi a vez.
Nem minha flexibilidade deu conta de tanta rigidez
E pouco a pouco perfez
O restante de minha lucidez.
O pouco que há em vocês
Em mim é abundância,
O importante pra vocês,
Pra mim, não tem relevância.
O que vocês anseiam, eu não vejo esperança.
Eu não me encaixo em nenhum contexto,
Sou apenas um pretexto
Sem importância.
Que se expressa em textos
Sem concordância.
E mesmo assim,
Tem parte de mim
Que se conecta à todos.
Com todos seus métodos incômodos,
E com todos nossos péssimos encontros.
Eu vou por aí, colocando vírgulas e pontos.
Em cada bifurcação.
Colocando corpo, mente, alma e coração
Por onde caminho.
Semeando um pouco de mim em cada pedacinho
Desta bola gigante de terra,
Respeitando o ciclo que se encerra.
Vou me despedaçando por esse lugar.
Como quem esta perdido, tentando se encontrar.
Eu vou e volto, sem ter partido. Saindo sem destino, pra onde o vento me levar.
Pra minha dor não há antídoto e não faz sentido toda essa interação com vocês,
Porque não sei onde tudo isso vai dar
E muito menos onde vou chegar,
Só sei que não sou daqui, mas mesmo assim quero ficar.