Sem filtro

O nascer do sol será meu ocaso.

Ao raiar o dia não verei sua luz

Me cansei de tudo que vi

Nem a claridade me anima

A luz que entrará na minha janela

Não iluminará minh'alma;

Meu coração e minha mente.

Os pássaros cantarão em vão

Para meus ouvidos agora moucos.

As horas vão passando com desespero

Sem saber que eu mesmo findei meu tempo.

Ângulos retos, cantos mortos,

Suas coxas no colchão

Seus cabelos na fronha.

Nem isso me interessa

Tampouco me importa

Se o valor da minha se foi,

que direi da alheia?

Decisão tomada por mim.

E em mim somente.

Não quero ser semente,

Muito menos árvore.

Não se escondam na minha sombra,

estou para cair, para tombar.

Entre o pano de chão e a escova de dentes;

O beijo e a evacuação;

A carícia e a porretada;

Sushi e feijoada;

Não me encaixo em lugar nenhum.

Nunca entenderei a dor.

Não me entrego, apenas paro.

Neilton Domingues
Enviado por Neilton Domingues em 04/06/2019
Código do texto: T6664770
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