Vulnerável

Eu só sei viver assim

completamente vulnerável

de peito aberto sobre tudo

sobretudo, sobre mim

Pois eu mergulhei bem fundo

rumo às fossas das marianas

rumo aos abismos e montanhas

e aos desertos de dois sóis

E sigo sempre incurável

de doença que só dói se deixar

de cura que só cura se apenar

de todo sorriso que puder me alcançar

E numa multitude em cortejo

o lampejo sentido numa simples noção

que se caminha em passos em trechos

até que as coisas sejam o que são

E isso tudo que há em mim

talvez que faça parecer

que eu estou sempre tão perdidamente

apaixonado por ninguém

E isso tudo que há em mim

talvez que faça parecer

que eu já estive perdido

como você esteve também.