O MENINO

Quem foi que disse...

Que menino não pode chorar?

De seus olhos, rolou uma lágrima

E caiu sobre o sabiá.

Sabiá, que aos seus pés cantava,

Cantava… Cantava sem parar!

Ao sentir o toque da lágrima,

Bateu asas a voar.

Sabiá para longe voou ...

Até o céu alcançar

Levando, sobre si,

Verdades de um coração a chorar.

Sabe-se lá as razões...

Os motivos, as convicções...

Mas, de fato, lágrima levava

De um menino a chorar.

Uma perda, uma dor,

uma saudade ou um olhar...

Um adeus, um oi

ou, quem sabe, um “olá”.

Algo mexeu com menino

Levando-o a chorar

Lágrima de cristal, reluzente,

mostrava ao sabiá

Que choro de menino

também pode ao céu chegar.

Ao céu, chegou a lágrima

Levada pelo sabiá.

Que sabia bem de onde vinha

Lágrima, lágrima, de menino a chorar.

Passarinho, ao alto céu,

chegou a desabrochar...

O lamento de alguém,

Que escondido não quis chorar.

Um rosto, um coração,

uma mente, uma sensação

Envoltos naquele céu,

por um menino chorão.

Sabiá deixou a lágrima,

de suas asas, rolar

Caindo e caindo,

Parecia chuva vindo...

Mas sabiá sabia

que era o choro do menino.

A lágrima rolando,

e sabiá mais se erguia...

Levando em suas asas,

A verdade que bem conhecia.

Entre nuvens e brilhante sol,

passarinho alçou a voar.

E, erguido, mostrou ao mundo...

Que homem também pode chorar.

Queila Memoria
Enviado por Queila Memoria em 06/09/2019
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