O MEL E O FEL (O tempo por testemunha)

Do tempo que cresce na árvore da vida

Colhemos, ou não, dos ponteiros

O fruto da sabedoria

Que cresce à sombra

De cada momento germinado

Nas sementes que os sonhos

Deixam cair todo dia

Neste solo que se faz fecundo

Nos sulcos e cursos do mundo.

Se são os dias que vão gestando,

São as noites que vão gastando

Tudo aquilo que vamos gostando

Agrados ou desagrados

Do néctar que degustamos

Nos enganos e desenganos,

Dos prazeres sagrados

E também dos mundanos

Dos aromas desta inspiração

Das escolhas que a razão deve fazer

Ou aquelas que deixamos à mercê

Do coração, embebido de paixão

A nos deleitar,

Do mais doce perfume

Quando o verbo se conjuga

Com o amar

Mas a nos ferir

Com todo o azedume

Quando o verbo se conjura

Com o partir.

E entre amores e dores

Beijos amargos e doces

Vamos tecendo nosso véu

Com fios de esperança

Na prece e no grão

Que recolhemos do chão

E conduzimos para o céu

Só o tempo, na sua sapiência

Há de testemunhar

Se a nossa existência

Haverá de se alimentar

Com a pureza deste mel

Ou nos envenenar

Com o amargor de um fel.

© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 10/09/2019
Código do texto: T6741436
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