FUTEBOL DE VERDADE

Futebol de verdade

Era ali na beira do gramado

A torcida fiel espremida contra o aramado

Xingando palavrões, atrás do gol adversário.

Para comemorar um gol era um pula-pula danado

Sem conseguir sair um pé sequer, do mesmo lugar.

Saudade daquele futebol arte.

Onde os jogadores eram conhecidos pela camisa que vestiam

E os números eram reconhecidos pelo jogadores que a vestiam

Não eram 333, 200, 500 ou 99

Era de 1 a 11, com nomes e números contados e reconhecidos

Prontamente, nos bate-bocas, de bate-pronto e na palma da mão.

Encobriram a arte com a técnica

Como querem cobrir emoção pela razão.

Trocam tanto as cores da camisa

Que tem torcedor aplaudindo o gol do adversário.

Hoje tem cadeira numerada, parecendo cinema.

E muitas vezes assim o é.

Jogadores que se sentem artistas

Torcida que vai ao jogo só para comer pipoca.

O futebol já foi o dono dos gramados.

E os jogadores os seus fiéis escudeiros.

Depois

Inventaram os empresários do passe

Dinheiro para cá, Dinheiro para lá

Levaram as almas junto para o diabo.

Hoje

Tem mais letreiros luminosos

Do que jogadas ensaiadas.

Tem mais cai-cai

Do que bola rolando.

Naqueles tempos o juiz tinha que ser cabra macho.

Senão...

Muitos deles foram encontrados correndo de cueca, vestiário afora.

O Clube nem enviava as roupas no dia seguinte, quando era roubado.

Hoje tem momentos que é apenas duas linhas correndo para lá

E para cá. Tem momentos que parecem sobrepostas.

E o tal VAR.

Na visão do juiz foi, mas não foi. Ou melhor não foi, mas foi.

Enquanto os jogadores comem uma empada e tomam um caldo de cana

O juiz discute com o VAR.

...E a torcida vai comprando mais...pipoca (a rainha dos gramados)

Enfim, tá tudo perdendo a graça.

Aonde tem graça, alguém acha dinheiro.

E dinheiro, nunca trouxe felicidade

Mas sim, espectros para mais almas penadas.

Robertson
Enviado por Robertson em 12/09/2019
Reeditado em 03/01/2020
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