Enquanto o tédio e a solidão não me devoram...

Um bom poeta

deve saber a hora de maneirar na bebida x poema

de forma que o que saia

pela ponta da caneta

sejam fragmentos do seu corpo

e gotas do seu sangue

e não apenas

aquilo o que o álcool e

as outras drogas,

essas amantes de qualquer boa criatura cansada demais ou covarde demais

para ver os próprios olhos no reflexo da realidade,

mandam escrever.

Um bom poeta

acende o cigarro com os fósforos

virados para o vento e

não perde muito tempo olhando para a monotonia eterna dos horizontes.

Um bom poeta

apaixona-se por coisas e detalhes imperceptíveis,

como as tranças de um cabelo ruivo num rosto deformado

ou uma cicatriz no rosto da mulher

que poderia ter todo o seu amor ou algo parecido.

Ele também sabe que ficar só

nunca foi um castigo divino

nem consequência da sua

depressiva introspecção,

mas sim um privilégio.

Quantos tem a capacidade

de viver e compreender

toda a beleza da solidão e

do autoconhecimento?

O Bêbado
Enviado por O Bêbado em 05/10/2019
Reeditado em 05/10/2019
Código do texto: T6761945
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