A vida é arte

Somos como caixinhas de surpresas, parecemos livro.

Cada indivíduo tem um aspecto oculto de si, uma faceta da personalidade escondida, um mistério.

Possuímos uma história desde o dia em que nascemos, há uma folha nova a cada dia.

Incontáveis capítulos de 365 páginas.

Viemos ao mundo como autores, com a responsabilidade de cada decisão e ação, cada comportamento.

Personagens dessa história são as pessoas ao redor, protagonistas e coadjuvantes.

Os primeiros estão presentes na maior parte da caminhada, convivemos dia após dia e nos impactam positiva ou negativamente.

Os últimos, geralmente, só esbarramos.

Um pequeno contato e logo desaparecem, caminhos interceptados mas não entrelaçados.

Eu diria que nosso comportamento com esses é o mais importante, diz quem verdadeiramente somos, o que temos no coração.

Um sorriso, pedido de desculpas, um obrigado.

Cumprimento: bom dia, boa tarde, como vai?

Uma conversa banal, um comentário sobre o clima ou trânsito.

Claro que nossas relações íntimas tem um valor enorme, porém é na gentileza e compreensão com desconhecidos que a alma é exposta.

Em não achar que é superior, não ter um excessivo orgulho e amor próprio, não se colocar em um pedestal.

Tratar todos igualmente.

Ao longo da vida, nosso livro vai se tornando pintura (Somos como pintores).

Colocamos tantos detalhes e sentimentos que chegamos à fazer retratos, cores representando cada pessoa e humor.

Nossos estados psicológicos se refletem nas pinceladas, no poder que cada quadro transmite.

A obra é transparente, ao olhar atento todas as emoções são visíveis.

É translúcida, brilha com o suor envolvido.

Mas para alguns, infelizmente, é opaca.

Assim que é colocada na exposição, disponível para o público, passa à ser própria dos espectadores.

Cada interpretação é relevante, e assim se faz a catarse.

Nasce a empatia. A dor é sentida, é compartilhada.

Um relacionamento é estabelecido ali, dentro do museu. O objetivo do dono original foi alcançado, ele deixou sua marca e impacto.

No fim, somos como atores.

Nesta peça teatral, quando a cortina se fecha, somos lembrados por quem mais impactamos.

Pelos relacionamentos saudáveis estabelecidos e contribuições.

Somos julgados por como nos expressamos, até por como parecemos.

Podemos ser aplaudidos por merecer o mundo, ou podemos ser vaiados.

Somos como jardineiros.

Quando nosso laço com alguém se forma, plantamos uma semente em seu coração.

A rosa ali presente pode crescer intacta, ou criar espinhos. Pode machucar, ou florescer

Fornecer crescimento pessoal, ou tragédia e caos.

Somos como poetas.

Nossa voz é lembrada, nosso script é repassado, até as reações são reproduzidas.

Mesmo após a morte, transcendemos.

Nosso nome continuará sendo dito por futuras gerações, pessoas irão se identificar conosco.

Seremos recordados, viveremos na memória e coração de quem nos amou.