Pecado Maior
Percorro os dias
E os dias apagam-me
Como coisa
Que nada fui.
Eu olho a frente
E a frente há tantos...
Eu vejo atrás
E atrás há outros tantos...
Mas aos lados estou só.
Que vale estar vivo
E estar só?
Que vale toda esta benção
Toda cheia de nada?
E por ela condeno a Deus
Condeno a Deus e a todos
Outros deuses.
Condeno a todos outros
Deuses e a todos os
Outros seres de deuses.
Eu condeno as coisas.
Dos brotos aquáticos
Às ervas da relva
Poeira erguida dos ventos
Calor de sol de manhã
Estalar de colher no piso
Do chão de cozinha
Revoada das aves no céu
A Deus condeno
Por toda esta benção.
E esta benção
Esta triste benção
Que é estar
Maravilhosamente vivo
E miseravelmente só
Foi meu único
E verdadeiro
Pecado.