Habitantes

… Dia.

Não devia ser assim

A Lua que morre, o Sol que se abre

O frio que vai, o vento que bate.

A noite foi linda e

Agora é tarde

Minha cama é a rua,

O colchão, à cidade.

Neste chão, eu preferia estar dormindo

Neste mundo, existem algumas dores que só se sentem sentindo.

Me desculpa moço, tô com fome

Sei que pedi ontem, mas

Não me deixam trabalhar

E, me diga, quem não come?

Que fazer?

Eu não sei

Tu não sabes

E todos se perguntam

Como vai ser

Sentar na calçada

Tudo o que passa

E a caminhada,

Como vai ser?

Me diga você

Que me despreza e

De mim tem medo

Meu desespero, eu tenho medo

Como vai ser?

Sem comida, sem abrigo

O mundo não vê

Mesmo com fome triste e sozinho,

Te juro, Pai, hoje vamos comer.

Não vês?

Nós somos uma legião,

Uma multidão de habitantes sem teto,

E vocês, uma sociedade podre e sem coração

Nao vês que somos filhos das estrelas

Entre elas, tão longe e tão belas,

Reside um coração

Obrigado moço, não sei que iria ser.

Fazia uns três dias que ninguém me dava nada

E eu nao tinha o que comer.

Essa cidade é quente de dia e nas casas

O gelo e os pés, se confundem

De noite, o manto é papelão.

De corpo nu, o travesseiro o concreto, pregado ao chão

A esperança morta, e a dor nas costas, não vai voltar

Essa cidade é tão fria

E'u me sinto tão sozinho

Essa cidade fria

Me faz sentir sozinho

Não devia ser assim

O Sol que morre, a Lua que nasce

O frio que vem e o vento que bate

Boa…

Josué Alves
Enviado por Josué Alves em 02/11/2019
Código do texto: T6785201
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