Poesia pra vida inteira
Sente-se, o frio que aquece o coração
Mas já é tarde e estamos no caminho
No caminho errado
Mas já é tarde, não se pode voltar.
Atrasado nos deveres
Atrasado nos afazeres
Atrasado na vida
Que é essa é a vida. Aproveite-a.
Pequenos e felizes, nós somos pequenos.
Tardes, tantas, de passos
Do que a vida deu e tirou
O mundo girava, não estava em si
Mas, sabia, estava em ti
Um passo de cada vez,
E o tempo de uma vez.
É que o tempo não espera por ninguém.
Quem dera ser ninguém.
Eu cometi tantos erros,
Quando queria apenas ver o sol.
E, se a vida é feita de erros,
Eu sou feito de vida. E viverei.
Quem dera ser herói e salvar o coração
De quem escreve com a ponta do lápis
E é ferido com a ponta da língua,
Com outras coisas e com alguns passos
As feridas vão deixando linhas e
Desfazendo laços.
Tem, ainda, a casa da frente
Muito álcool p’ra beber
Muito choro p’ra chorar e
Alguns dias de viver.
Não se faz sentido. Se faz.
Dorme, levanta, esposa, filhos, carro.
Trabalha, a volta, trânsito, sem vida o trabalho.
É que agora sou engenheiro, nada mais é necessário.
Queria ser herói e salvar o mundo
Ajudar as pessoas, ter melhor, um mundo.
Hoje a vida é um tédio.
Pessoas infelizes.
Não salvei ninguém, mas sei fazer um prédio.
De toda a vida, em toda a vida
Esqueci tanto, perdi tanto
Tentei me desaparecer
Também tentaram
É estranho, mas não deu.
Agora, que ainda sou criança,
Me oferecem dores.
Agora, que sou jovem,
Me oferecem amores.
Agora, que já sou velho demais,
Me oferecem favores.
Estou morto, enfim,
Então, por favor, me mandem
Flores.