Marina

Eu sou Marina, que,

Ainda nessa idade,

Não nasci na Cidade,

Não aprendi a amar.

Que gostava da janela,

Que gostava tanto dela,

E dos carros.

Que aprendi a cozinhar, com a mãe

E, com o pai, que o pai bate na mãe

Cresci, só, queria ver os carros

Cresci e só fiquei

Eu sou Marina, que,

Ainda nessa idade,

Cadê minha Cidade?,

Não aprendi a amar.

Que queria voar,

E nem nadar sabia.

Nada sabia,

Sabiá, mas sabia sonhar.

Eu era tão Marina

Eu era tão feliz, Marina

Era eu, numa rua,

Meus sonhos, Estupraram.

Eu sou Marina, que,

Ainda nessa idade,

Cadê minha Cidade?,

Que eu nem sei quem sou.

Que, por causa do pai,

Perdeu a mãe, Marina.

Que dos seus sonhos,

Ela foi seus sonhos, Estupraram.

Sua mãe, seus sonhos...

Ainda resta a janela e os carros

Seu pai, nem resta, sua mãe,

Nem resta, seus sonhos?

Eu sou Marina, que,

Já perdi as contas,

Cadê minha cidade?,

Que eu nem sei quem sou.

Que vaga por aí

Que já não vê os carros

Que não tem mais janela

Idem: mãe, pai, sonhos.

E ainda resta o País

Constituições

Não há nada a Temer

Amém brasil porque;

Eu, não sou Marina, que,

Já perdi as contas,

Cadê minha Cidade?,

Que eu nem sei quem sou.

-Eu sou Marina que...

-Marina se matou.

-Amém Brasil, porque

-Marina se matou.

Josué Alves
Enviado por Josué Alves em 03/11/2019
Reeditado em 16/11/2019
Código do texto: T6786298
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